A FORÇA DE UM FILHO
SERGIO
DALLA VECCHIA
Era solteirão convicto e residia em um Flat na
cidade de São Paulo.
Levava uma vida sem proposito. Trabalhava durante o
dia e a noite jantava com amigos e por vezes com a paquera mais recente e nesse
caso a noite era estendida até o Flat.
No dia seguinte lá ia ele para a sua jornada de
trabalho. Era uma rotina inócua.
Certo domingo, sentado confortavelmente na poltrona
lendo jornal, um ruído na porta chamou sua atenção, em seguida ouviu um som característico
de envelopes passando por debaixo da porta.
A curiosidade o fez sair do conforto e ir até a
porta pegar a correspondência.
Entre elas havia uma carta que o intrigou. Vinha do
exterior e o destinatário era outra pessoa, mas o endereço era o seu. Tateou e
reconheceu um papel de qualidade, enquanto uma leve fragrância de alfazema era inalada.
Logo imaginou se tratar de uma remente feminina, o que se confirmou quando virou
o envelope e leu o nome de Ester. No envelope havia um carimbo de urgente e
vinha de Vancouver, Canada.
Por se tratar de uma correspondência urgente e
entregue em seu endereço ele não teve dúvida, abriu a lateral da carta e
retirou a carta.
Entendeu que Ester e Ronan estavam separados e tinham
um filho no Canada. Ele se formou em medicina e o seu maior desejo era ter o
pai na festa de formatura.
O solteirão ávido de uma família comoveu-se e foi
para a portaria do Flat. Com o zelador verificou que Ronan também residia no
prédio, mas em outro andar.
Dirigiu-se ao apartamento do destinatário,
desculpou-se pela violação do envelope e o entregou. Enquanto Ronan lia a carta,
o solteirão observou a expressão de alegria brotando em seu rosto até que aflorasse
como uma lágrima. Recebeu um abraço e retornou para casa.
Terminou
o domingo pensativo e reavaliando a sua solidão.
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