A FAMÍLIA
OU EU?
SÉRGIO DALLA VECCHIA
Tereza tinha um ótimo casamento e dele nasceram um
menino e uma menina.
O tempo foi passando e eles terminaram as
Faculdades, o filho formou-se em medicina e a filha em arquitetura.
Assim, Tereza e o marido se sentiam realizados e
também felizes pela missão cumprida.
Logo aconteceu o casamento da filha e após dois
anos o do filho. Os netos foram chegando aos poucos até se estabilizarem num
total de quatro, dois de cada casal.
Tudo ia bem com a família, mas o mesmo não
acontecia com o casal de avós. Não estavam felizes com a casa vazia. Estavam
sós! A falta dos filhos fazia com que Tereza cobrasse muita atenção do marido,
que por sua vez sentia-se desconfortável.
Os desentendimentos eram frequentes, não havia mais
tolerância e a convivência se tornou insustentável, até que o marido pediu o
divórcio.
Emocionalmente abalada tornou-se muito triste.
Recordava pelo computador os filmes e fotos dos momentos inesquecíveis da
família: a festa de casamento, o nascimento dos filhos, as festas de gala das
formaturas, os casamentos dos filhos e tantos outros momentos, mas Tereza estava
só!
Buscou na alma da mulher, a força necessária para
suportar a os momentos de depressão.
Aos poucos foi melhorando e quando se deu conta,
fazia um ano que estava separada. Tereza era uma mulher de aparência jovem e
muito atraente. Logo surgiu um paquera.
Foi uma luz na sua vida; ela mudou radicalmente,
lembrou-se que a alegria ainda existia, o teatro, os restaurantes da moda, o
carinho e o aconchego do homem amado. Tereza já morava com o namorado, a
felicidade imperava e a sua antiga rotina estava sendo apagada aos poucos.
Entretanto, bastou um telefonema de sua filha para
que sua felicidade desabasse. Ela aos prantos recorreu a mãe para informar que
sua vida estava um inferno e que estava se divorciando!
—Mãe estou perdida, eu te suplico venha morar
comigo uns tempos, eu e seus netos precisaremos muito do seu amor!
Tereza ficou passada! A dúvida era cruel, minha família ou eu?
A história da família veio novamente à tona e os
momentos presentes não saiam de sua mente. Tereza pensativa acariciava e
abraçava fortemente o namorado. Assim resoluta e convicta, fitou o amado nos
olhos e lhe disse carinhosamente: — Você emana a luz de um candelabro, mas eu
como mãe, serei aquecida por pelo menos três; minha filha e meus dois netinhos.
—Meu coração está dividido, por favor me entenda.
—Dê-me esse tempo e logo voltarei para os seus
braços, pois nunca o esquecerei.
—Até qualquer
dia querido e que seja breve!
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