A CARTA - Mario Augusto Machado Pinto


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A CARTA
Mario Augusto Machado Pinto

"O plac, plac das alpargatas ressoam como verdadeiras bombas no meu crâneo "Eta ruindade de caipirinhas." Preciso abolir.

Abri a porta de entrada do apartamento, abaixei-me (ai minha lombar!), e ao levantar o jornal desde o chão reparei que ficara no piso um envelope alaranjado, grande e ligeiramente amassado. Peguei-o,  e ao ler o endereçamento - que é o meu - verifiquei que eu não era o destinatário. Virei-o para checar o remetente: postado no exterior, nome estrangeiro que me é completamente desconhecido  e seu endereço é o número de uma caixa postal. Qual cicatriz ensanguentada chama atenção o carimbo URGENTE em letras maiúsculas. Raios o partam, e esta agora? 

Minha primeira reação é mescla de curiosidade e  espanto. Sobrepeso-o, é leve, dentro deve haver apenas papel.

Que diacho, deve ser propaganda de empresa estrangeira.

Abro? Não abro? CURIOSITY KILLED THE CAT, mas é pra abrir. Sento-me na saleta da TV,  e, curioso, começo a abrir o dito.

Dentro,  entre duas cartolinas de proteção há uma foto de um jovem de uns 12 a 15 anos. Fico olhando, olhando enfeitiçado qual ratinho pela cobra. Viro pra ver o que há no verso. Está escrito:  "É você com 15 anos no dia em que ganhou uma partida de xadrez. Surrupiei a foto. Endereços e nomes são falsos. 

 Você tem que descobrir os certos. Dou uma pista: estou na região do Ártico, mas não tenho renas. Serve?"


A passagem aérea classe econômica pra Finlândia custou-me US$5,200.00".

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