Até
hoje
Suzana da Cunha Lima
No decorrer dos anos, desde que me entendo de gente,
o Dia das Mães era um dia muito importante, esperado e festejado,
principalmente enquanto nossa mãe era ainda viva. Nosso pai era falecido,
assim, nós, filhos, fazíamos tudo para que este dia fosse um dia realmente
especial, tanto quanto ela era.
Não comprávamos presentes. Cada um preparava uma
surpresa: um poema, uma canção, uma pintura, um origami, uma música ao violão.
Ela sempre ficava emocionada, como se fosse a
primeira vez.
No ano em que ela faleceu, o baque inicial, a dor
imensa, quase nos paralisaram. Porém minha irmã mais velha resolveu que
faríamos a festa do mesmo jeito de sempre. De onde ela estiver, - disse - vai
se alegrar vendo seus filhos juntos, preparando mimos para se presentearem.
Assim fizemos. Foi uma festa linda, mas muito, muito
triste, com muitas lágrimas.
E resolvemos manter este costume, ano após ano. Foi
a melhor coisa que fizemos, pois isto serviu para permanecermos juntos e
unidos. Com o tempo, nós também nos tornamos mães e, mesmo sem combinar,
ensinamos este costume aos nossos filhos. E a dor e tristeza
foram aos poucos sendo substituídos pela saudade. Esta sim, viva até
hoje.
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