Uma viagem a Recife.
Fernando
Braga
Era
julho de 1964 quando se casaram. A viagem de núpcias foi programada para irem a
Recife, com hospedagem no Hotel Boa Viagem, o melhor da época, naquela praia.
Chegaram, se instalaram confortavelmente
no hotel e no final da tarde saíram a passear pela orla. Em
dado momento, encontraram um aglomerado de pessoas, que observavam um cantor mulato,
ainda moço, em cima de um caminhão, com um chapéu de cangaceiro, com uma
sanfona nos braços cantando:
“Vai
boiadeiro, que a noite já vem
Pega o teu gado e vai pra junto do teu
bem!...”
Era o próprio Luiz Gonzaga, que lá
estava, animando aquele povo. Foi assim que começou sua carreira, que foi muito
longa, tornando-se logo o mui famoso Rei do Baião. Aquilo lhes pareceu um
presente de casamento e comentaram:
— Começamos
muito bem nossa viagem. Pareceu que tocava e cantava para nós. Não podemos
esquecer isto, jamais!
No dia seguinte, após o desjejum no
hotel foram à praia, na bela praia de Boa Viagem!
Sentaram-se
na areia e a uns 150 metros, viram o longo, bem comprido arrecife, que separa o
oceano, da praia. Forma-se uma grande lagoa, extensa, não profunda, calma, sem
ondas, que convida a nadar.
Quando eram umas 11 horas, começou a mudança
da maré, o mar começou a passar por cima dos arrecifes, enchendo mais e mais a
suposta lagoa. Mais uma hora, os arrecifes já não eram mais vistos e tudo ficou
uma coisa só, o oceano agora com ondas, o que era calmo ficou agitado. Paulo resolveu entrar no mar para se refrescar um
pouco. Sua mulher Julieta, preferiu ficar lendo!
Entrou em profundidade até os mamilos e por
lá ficou nadando.
Subitamente ouviu alguém pedindo por
socorro, levantando os braços, afundando, subindo, descendo e gritando. Estava ele
a uns 40 metros do indivíduo. Moço, forte, partiu em nado rápido naquela direção,
para ajudar. Quando chegou, estava esbaforido. Pegou a vítima pelo braço e
procurou levantá-lo, para que respirasse. Ele agarrou-se a Paulo, suspendeu o corpo
apoiando-se em seu ombro e queria de todo modo manter sua cabeça fora d’água, e
para tanto afundava seu salvador. . Paulo
prendeu o que pode a respiração, conseguiu respirar uma vez, mas novamente foi
agarrado por aquele que desesperadamente queria se manter na superfície. Tentou
várias vezes se desvencilhar, mas negativo.
Nesta hora Paulo pensou que ia morrer
afogado e em alguns segundos, toda sua vida passou por sua mente. Não estava
aguentando mais e já havia aspirado um pouco d’agua, quando sentiu uma mão vigorosa
levantando seu corpo. Era um guarda salva vida que, de uma cabine alta na
praia, percebeu a situação e veio salvá-los. Com os pés de pato, conseguiu
nadar em direção à praia, levando os dois. No caminho, logo Paulo recuperou as
forças e pediu que o deixasse. Nadou sozinho até a praia.
O
outro, já um tanto desacordado, foi colocado na praia de barriga para baixo e
foram feitas manobras para que soltasse a água aspirada e pudesse respirar
melhor. Logo uma multidão correu ao local, vendo o salva-vidas trabalhar. Ele
se recuperou.
Paulo
foi sentar-se ao lado de sua mulher e nada comentou. Ela disse:
— Veja,
a uns 50 metros, aquela gente toda agrupada! Acho que alguém estava se
afogando!
— Eu
também acho! Mas, vamos ficar por aqui.
Paulo contou a Julieta, apenas após chegarem
de volta a São Paulo. Não queria de forma alguma estragar suas núpcias.
Por pouco esta viagem não se transformou
em um desastre!
Uma viuvinha jovem, bonita, e grávida
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