Tática eficaz
Ises A. Abrahamsohn
Dinorah fingia estar dormindo quando o marido
entrou em casa de madrugada. Há dias ela vinha investigando as escapadas de
Francisco. Já possuía a senha do seu e-mail, Facebook, e do Whatsapp, já
conhecia o desbloqueio do celular dele, mandou instalar um gravador no telefone
fixo do escritório da casa, e uma câmera escondida na garagem. Dinorah
sentia-se forte, e detinha muito poder sobre sua presa.
Francisco não aguentava mais o ciúme injustificado
e doentio da esposa. Na verdade, a mulher se tornara intolerável há muito
tempo. Dinorah acreditava que podia mantê-lo preso porque tinha a grana. O estilo
de vida esbanjador dela, que adorava festas e viagens caras, era detestável. Ele
queria dinheiro, sim, mas para poder se dedicar ao montanhismo, seu esporte
favorito. O salário de gerente de banco não era suficiente. Mas Francisco era
hábil ao administrar dinheiro. Pacientemente, ao longo de dois anos transferia
parte polpuda dos rendimentos da mulher para outras contas paralelas. Até que chegou à soma que lhe
pareceu suficiente. Cinco milhões de dólares foi o que amealhou no Panamá.
Estava pronto para dar o bote! Contratou uma estonteante garota de programa e
alugou-lhe um apartamento. A garota deveria lhe enviar mensagens e fotos
aliciadoras por todos os meios. Francisco respondia marcando furtivos encontros
amorosos com a potencial amante.
Até que finalmente Dinorah o confrontou.
Cabisbaixo, admitiu a traição. A mulher, vitoriosa, humilhou-o e ameaçou expulsá-lo
de casa. Só não contava com Francisco pedir o divórcio. O motivo foi
interferência indevida em sua vida particular. Dinorah recusou-se a crer que o
marido a deixaria. Francisco saiu de casa e viajou para a Suíça. Seus advogados
documentaram todos os dispositivos de espionagem instalados por Dinorah.
Do alto dos Alpes, contemplando os vales
nevados, Francisco exultou. Adeus Dinorah! Obrigado pela sua grana!
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