MINNA
Mario
Augusto Machado Pinto
A
sugestão da excursão de navio ao Caribe para gozar as férias de fim de ano foi
a vencedora de tantas outras possivelmente mais divertidas, mas todos ficaram
empolgadíssimos com a novidade oferecida por viajar de navio, passar uma semana
“andando de navio no mar”. Claro, nunca
haviam saído de Tribobó e, de navegar, só mesmo no barrento Rio das Pencas.
As
perguntas das crianças não tinham fim. Mostravam ignorância:
—
O mar, como é? É grande? Tem peixes grandes?
Uai, porque não pode: tem água e peixe não vive n´água?
Foi
quando Seo Wagner entrou na conversa:
—
Olha, gente: vamos perguntar, ver e resolver no navio. Assim foi feito e a ansiedade ficou morando
na casa deles.
Roupa
nas malas, avião voado, porto alcançado. Tudo arrumado, Minna, com voz desanimada,
dolente, pergunta:
—
Isso é o mar? E fica mais desanimada com a resposta:
—
É, mas estamos no estuário estreito, água parada; espera chegar lá longe!
Ao
sair do estuário Minna foi à amurada da proa do navio e ficou espantada com o
que viu: água por todos os lados, até o sem fim, não acabava nunca. Como faz
pra voltar?
Seus olhos azuis, da mesma cor do mar, corriam
de um lado para outro como se quisessem encontrar o fim daquele cenário mágico.
Foi
quando se sentiu sereia.
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