RIMAS.
Mario
Augusto Machado Pinto
Sua
vida tem sido a busca sem fim pelo seu irmão. Pede a Alah todos os dias que o
ajude. Escolheu como profissão a atividade de médico, pesquisador e
conferencista - por considerá-las as melhores para seu objetivo. Extremamente
competente, com muito esforço atingiu o ápice nas atividades colhendo riqueza e
prestigio internacional.
Hoje,
no hall do teatro era muito cumprimentado e por que não dizê-lo, bajulado por
colegas e VIPS. Aceitava os cumprimentos com certa indiferença, quase frieza.
Estava cansado do trabalho e pelas contrariedades criadas pelos patrocinadores
quanto à exibição tocando ao piano os Noturnos que tanto amava. É que sugeriram
a exibição com outro pianista, também médico. Na verdade, não gostou, mas como
dizem “Tudo pela arte”.
O
espetáculo continuava, o cômico terminou o número e ele foi anunciado. Palmas
calorosas e gritinhos na plateia impediram-no de entender o nome do parceiro
que já se sentara ao banquinho, pronto para iniciar a tocar. Não houve
cumprimentos – mais um aborrecimento – e a tampa levantada do piano de cauda
impedia ver o rosto do colega – outro. Mais um não faria falta.
A
exibição transcorreu como esperada: competente, técnica apurada e sentimentalismo
nos acordes. Levantou-se para agradecer os aplausos. Estendeu o braço para apertar
a mão do parceiro:
-
Não ouvi seu nome. Qual é?
Obteve
como resposta:
-
Rimeda, sou Rimas.
Acordou
do desmaio no hospital e foi logo falando:
-
Encontrei, encontrei meu irmão! Onde está?
-
Aqui, ao seu lado.
Foi
quando alguém perguntou: Como souberam?
-
Quando nos separaram combinamos manter nossos nomes ao contrário. Assim, ele é
Rimeda (Ademir) eu sou Rimas (Samir).
Conversaram,
se abraçaram, riram, choraram, falaram horas ao mesmo tempo...
Nenhum comentário:
Postar um comentário