DEU
BODE!
Jeremias
Moreira
Há alguns anos, nas
férias em família, no sitio do meu cunhado Teotônio, ele se aborreceu tanto,
que ele riscou do mapa aqueles dias.
Tetê, seu apelido,
era um sujeito extremamente organizado. Tanto no trabalho como na vida pessoal.
Administrava o sítio
com extraordinária competência e o fazia produtivo.
Cultivava laranja,
criava de suínos e um rebanho de cabras leiteiras, da raça Boer, cujo varão, o
Bode Frederico, era tratado como animal de estimação.
Frederico tinha a
complexão física musculosa que lembrava um cachorro Buldog, só que mais alto.
Extremamente manso gostava de medir forças com a gente. Provocava para ser
segurado pelos chifres e entrar num empurrar-empurra sem fim.
Tamanho cuidado se
estendia à parte recreativa. Tinha uma piscina, um quiosque de sapé com
churrasqueira e espaço para a estripulia da garotada.
Tetê é palmeirense
fanático, desses de perder a compostura quando provocado.
Naquele ano a decisão
do Campeonato Paulista foi contra o Corinthians e o jogo decisivo aconteceu,
durante esses dias e a vitória foi corintiana. Meu filho improvisou uma
bandeira alvinegra e pôs-se a infernizar. Aborrecido, e para não se alterar,
Tetê sumiu do sítio e só voltou dois dias depois.
Mas, o que o fez
perder a esportiva, foi o que aconteceu com sua coleção de gibis. Ele tinha
todos os exemplares das revistas Fantasma e Mandrake publicados no Brasil.
Estavam catalogados e empilhados, com um virado para cima e o outro para baixo
para não entortarem. As crianças pegaram alguns exemplares. Desleixadas, partiram
para outra atividade e largaram os gibis ali, no quiosque da churrasqueira.
Mais tarde o Tetê foi
verificar o estoque de carvão e deu com o Frederico mastigando um punhado de
papel. Olhou melhor e viu que Frederico
mastigava as páginas dos preciosos exemplares das revistas dos seus dois heróis.
Literalmente, deu bode!
Foi a gota que
entornou a paciência do Tetê e causou o fim das férias!
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