UMA VIDA DE PERNAS PARA AR - M.Luiza de C.Malina


UMA VIDA DE PERNAS PARA O AR
M.Luiza de C.Malina

Eunice vive na estabilidade que o destino lhe preparou na aurora da sua existência. 

O cantar do galo na primeira raiada, chega acompanhado do tilintar do telefone.
Ela atende espreguiçando-se. Desespera-se com a notícia. O inverno da vida a encontra de surpresa, na antevéspera de seu casamento – seus pais não resistiram ao acidente aéreo, muito próximo a fazenda.

 Em meio ao acinzentado casamento, Eunice é feliz. Passados alguns anos torna-se viúva. A vida cromática, Eunice mulher de vigor, cabelos negros trançados, jogados à esquerda do ombro, é um ícone na capital.

Enche-se de coragem para virar a página da vida. Continua a vida de fazendeira à distância entre as constantes viagens, agora vivendo uma vida de pernas para o ar, reescrevendo suas páginas.

O belo Antônio surge num repente enlouquecedor. Antonio é fascinador em seu imponente perfil grego, perfeito de corpo aparenta uns 10 anos mais jovem.

Investida, mas que investida deste farejador de dotes. Eunice, mulher atraente em meio termo, percebe nela um quê a mais em que poderá tranquilamente viver à larga.

Este Antonio! A toma como única e última ninfa deste mundo. Eunice corresponde. Pouco antes do atracar do navio, com o sol poente, o belo Antonio a pede em casamento.

Eunice aceita. Casam-se em cerimônia íntima. Antonio aprecia a vida na fazenda. Os assobios no chuveiro a encantam. A vida a presenteara com a elegância do homem que sonhara. O perfume de seu corpo impregna os ambientes.

Um dia. Ah! Este Antonio! É encontrado pelo capataz em meio ao feno com uma colona, digna de capa de revista masculina. Ele os observa durante um bom tempo.

Eunice continua em viagens rápidas à capital e aos rodeios. Estranha que Antonio não a acompanha que prefere a fazenda.

O Capataz convida Eunice a constatar o desenvolvimento dos novilhos adquiridos.
Ela não acredita no que seus olhos presenciam. Desvia a atenção para outro lado, parabenizando o capataz pela sua dedicação e comenta em aumentar o rebanho na próxima semana.

O feno, Antonio acoberta-se entre ele. A colona rasteja escapando de ser vista.

Segredo descoberto. Ao chegar a casa, encontra Antonio cantarolando embaixo do chuveiro, como de costume. Eunice nada diz, apenas balança a cabeça consentindo.

Limita-se a informá-lo sobre sua nova viagem. Desta vez terá que se demorar mais devido aos leilões. Antonio deseja-lhe sucesso nas aquisições e que sentira sua falta.

Uma semana após a viagem, Eunice recebe um telefonema:

- Senhora, volte urgente. Seu marido morreu eletrocutado no chuveiro.




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