A ALMOEDA E O
LEILOEIRO
Oswaldo
Romano
Anselmo era benquisto na cidade por uma
qualidade muito simples.
Todo ano, ele com suas cinquenta
primaveras, era convocado para ser o leiloeiro oficial da grande festa de Santo
Antônio. Todavia neste ano esperava ser esquecido, pois vinha sentindo fortes
dores no braço direito, sua melhor ferramenta.
Era com essa ferramenta que envolvia os
compradores, levando-os a disputas que emocionavam os presentes. A maioria dos deles
não era aficionada a compra na almoeda, mas compareciam porque vibravam nesse
circo, aplaudindo cada lanço.
Não adiantou, era carta marcada. Chegou
o esperado dia e Anselmo quando subiu no elevado tablado, destinado a figura
principal do leilão, mesmo antes do seu boa noite, foi carinhosamente
ovacionado.
Falando pausadamente, fez uma preleção
da importância da ocasião e se intitulou porta voz dos agradecimentos das
crianças que seriam beneficiadas com o evento.
Hoje precisava se afastar. Motivava seu
afastamento, sua voz rouca percebida logo cedo. Culpou os inúmeros remédios e o
fétido cheiro da emplastação aplicada na noite anterior no ombro, braço, e
axilas. Assim chegando, surpreendeu sua claque, contando seu sofrimento,
justificou porque não poderia conduzir o leilão. Ouviu o pesaroso lamento dos
presentes, liberando a lágrima que continha.
Passou a palavra ao segundo leiloeiro e
puxando uma cadeira sentou-se ao lado. Prontificou-se abrir todos os lances.
Era o principio do fim do grande homem
da almoeda.
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