A PÁSCOA
M.luiza
de C.Malina
Terminada
a quarentena, é chegada a época da Páscoa. O apelo da mídia torna-se forte
frente a frágil figura da fantasia infantil – o coelho da páscoa, sufocando-o
em meio às toneladas de ovos de chocolates dependurados nas vitrines, em prol
do consumismo em massa.
Os
imigrantes e colonizadores, nos presentearam com suas bagagens recheadas de
rituais provenientes de um passado distante, que junto à riqueza da diversidade
cultural, mesclam-se às tradições, modificando-se com o tempo ou, até mesmo
desaparecendo o verdadeiro significado do uso do “ovo” e do “coelho”.
Brincadeiras
jocosas, como a pergunta:
“Coelho bota ovo?” e a resposta: “Não, quem
bota é a galinha”.
Torna-se
evidente a perda do verdadeiro sentido da Páscoa. O coelho simboliza o nascimento,
uma nova vida, a fertilidade. Alegres correm pelos jardins na primavera, onde a
caça ao coelho acontece e, em meio às plantas são escondidos os ovos, símbolo
da reprodução. Esta vivência é pouco usada.
Meus
irmãos enfeitavam as cestas de vime ou de papelão com fitas e papéis coloridos
à procura dos ovos que, encontrá-los significa “alcançar metas”. Ajudava na
pintura das cascas de ovos, envolta em muita lambança; imaginávamos o que seria
colocado dentro deles.
Uma
festa pagã, o ritual do Equinócio da Primavera, época do ano em que o dia e a
noite tem a mesma duração. Coincidentemente a Igreja celebra a ressurreição de
Jesus Cristo nesta época.
Muitas
lendas, superstições e costumes regionais, colorem este período.
Os
alimentos como os pães, por exemplo, são decorados com uma cruz, que representa
a união da terra com o sol. Do ponto de vista supersticioso, a cruz era
colocada para que nenhuma bruxa fizesse desandar o crescimento do pão.
Acreditava-se
também, que as flores colhidas nesta época, eram mágicas, capazes de captar a
energia da natureza. Deixavam-nas secar e no ano seguinte as substituíam,
assegurando-se desta forma a sorte, saúde e felicidade. As flores amarelas
simbolizam o ouro, as brancas a paz.
Os
ramos de palmeira, vitória, ascensão e imortalidade. A Oliveira, paz,
abundância, sabedoria e glória.
Aguardo
a Quaresmeira, árvore nativa do Brasil, cuja floração ocorre na quaresma com
flores coloridas nas tonalidades do roxo ao lilás e rosa. Acredito que a
caduquice também ocorre nas plantas, uma vez que a minha árvore floresce
descompassada, duas vezes ao ano, com
abundância de flores em pleno mês de fevereiro. Provavelmente seja
“carnavalesca”.
Lírios,
símbolo da realeza. Girassol, símbolo forte da Páscoa, que para sobreviver, sua
corola volta para o sol, do nascente ao poente; comparando-se aos cristãos que
se voltam para Cristo. Cravos, cujos botões remetem a pequenos pregos,
simbolizam a Paixão de Cristo.
Mas,
o que mais me impressiona é constatar a informação da natureza; proveniente dos
Pinheiros, Pinus Elliotti. Duas semanas
antes, anunciam a alegre chegada da Páscoa. Nas pontas de seus galhos, aparecem
novos ramos amarelados em forma de cruzes que apontam para o céu – assim ficam
até a chegada da Páscoa.
Este é um convite
para você observar a natureza. Não resta dúvida, é um convite ao silêncio da
meditação cujo remetente é a própria natureza, exalando o perfume de seiva, tal
qual uma amante à procura do amado, demonstrando a força e o amor à vida, que
persiste em derrubá-la.
Feliz
Páscoa! Com suas peculiaridades e tradições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário