OS DOCINHOS - Jeremias Moreira


OS DOCINHOS
Jeremias Moreira

São amigas. Fazem uma dupla. São alegres, divertidas, chamam atenção. Batem papo, andam juntas. São primas. Uma é morena, a outra loira. A morena, de cabelos longos, é expansiva, faz acenos largos, fala alto e gesticula.  Demonstra que se impõe à outra. A loira parece não ligar. Seu cabelo é curto, é mais baixa e mais gordinha, mas de igual beleza. Simplesmente é mais contida. Necessita de menos espaço. Elas surgem da ala lateral e entram no corredor onde Jairo as espera. Caminham juntas, com suas calças justas, blusinhas decotadas, barriguinhas de fora e suas jaquetas finas. A da morena, vermelha e a da loira, azul.  Passam pelas vitrines, olham e se manifestam. Elas, não apenas andam, mas fazem gestos, rodopios, corridinhas. Avistam Jairo e acenam. Dali a instantes curtirão, juntos, momentos prazerosos. Ele as ama igualmente. Não se importam. Ambas sabem que são seus docinhos. Correm ao seu encontro. Ele se levanta e as abraça ao mesmo tempo. Depois, de mãos dadas se encaminham para o cinema. Vão assistir ao filme “O meu malvado favorito”. Em meio à caminhada elas pedem, quase em coro: 


— Vovô, podemos comprar pipoca?

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