O
Boko Moko
Vera Lambiasi
Sílvia e Cláudia foram ao Adriano
comprar mocassins, para a temporada de inverno em Águas da Prata. Eram bordôs,
e combinavam perfeitamente com as calças New Man de veludo liso. Saindo da
sapataria, pegaram a rua Augusta com destino ao Chá Yara. Caminhavam num doce
balanço, ladeira abaixo, quando foram abalroadas, perto do meio-fio, por um
motoqueiro saindo à toda da Hi-Fi.. O cafona vestia calça boca-de-sino, camisa
de seda, com o peito peludo à mostra, entre as grossas correntes de prata.
Queria paquerá-las, mas acabou causando um acidente.
Aturdido, ainda tentou cantá-las, ao
descer da moto caída.
—
Os
brotinhos estão desacompanhados?
—
—
Mas
que sujeito inconveniente, além de nos derrubar, ainda vem com esse papo furado.
Saíram ventando, as duas, e chegaram
à casa de chá bufando.
Conhecidas pelos garçons da tarde,
foram servidas de uma infusão de erva cidreira bem adocicada, para acalmar.
Comeram seus croissants de misto-quente demoradamente.
E, na saída, deram de cara com o atropelador,
entrando pela porta dos fundos.
Já vestido de terno branco e
gravatinha borboleta. Tomava o turno da noite.
Quem diria?
Caíram na gargalhada!
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