Machu Picchu com um especialista em
...
Vera Lambiasi
Combinei com o Carlitos, o mais
safado dos cronistas, uma viagem a Machu Picchu.
Conhecendo a língua e a raça andina,
pensei que ele facilitaria minha vida.
Até mastigaria coca, se ele
mandasse.
O acerto foi não levar acompanhantes,
e nos dedicarmos totalmente um ao outro, e à nossa caminhada, em plena amizade.
Desci em Lima, e ele já me esperava
no aeroporto, ansioso. De lá para Piura, onde eu conheceria seus familiares. Os
tios Cedano mostraram-se piores que Carlitos, no quesito chaveco. Tirei de
letra, almoço no primo, jantar no cunhado, todos muito envolventes.
Carlitos parecia um político em sua
cidade, cumprimentando a todos, beijando todas as mulheres, chamando-as de
queridas. Perguntado quem era essa ou aquela, se esquivava, dizendo ser uma ex.
Putz, mas quantas!
E chegou o dia de subir a montanha.
Carlitos, que usava as aulas de pilates para paquerar, não estava lá em grande
forma. A sorte é que a guia foi com a cara dele, e ajudou-o com a mochila. Como
é que consegue, um homem desta idade, fazer carregar suas coisas por uma garota
de 20 anos?
Andávamos o dia todo, com um
lanchinho de queso y jamon pela manhã, um pastel de choclo a tardinha, e farto
jantar de ceviche e vinho branco.
Dormíamos como anjos, e, do meu
quarto, ouvia uns ruídos abafados do outro lado da parede, onde deitava
Carlitos e não sei mais quem.
Assim passaram-se rapidamente os
dias e as noites, até a chegada deslumbrante em Machu Picchu. Um show de cores,
aromas e sensações.
E não é que cruzando uma excursão de
senhoras peruanas, Carlitos foi ovacionado. Eram todas suas colegas de colégio!
Beijou uma por uma, acarinhando-as.
Quantas delas não teria namorado na
adolescência?
E, por lá ficou meu amigo, metendo-se
com esta turma.
Desci com a guia, doce menina, em
prantos pelo senhor que conhecera.
Meu voo de volta foi por demais
prazeroso, só de lembrar as estripulias de Carlitos.
Comentei e sumiu!!!
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