DUAS IRMÃS - Carlos Cedano



DUAS IRMÃS
Carlos Cedano

Ninguém compreendia o enorme ódio que existia entre as irmãs gêmeas: Irene e Ramona. As coisas tinham começado com as agressões verbais e já começava a serem frequentes os embates físicos, independentemente do lugar onde estiverem.

Parentes, amigos e pessoas próximas tinham sido testemunhas dessas brigas que estavam ficando cada vez mais violentas e descontroladas. O que chamava a atenção fortemente nas pessoas era a carga de rancor que elas demonstravam. Frequentemente um parente, intervia para, com muito esforço e paciência evitar o pior!

O dinheiro não parecia ser o motivo! O pai tinha tomado o cuidado de distribuir em vida sua fortuna e tinha sido uma partilha justa no consenso familiar. As duas irmãs eram muito ricas e em caso de morte duma delas a outra herdaria se não tivessem filhos.  

Se não é isso! Qual é o motivo? Era a pergunta que circulava e dava lugar a diversos tipos de elucubrações. Alguns diziam que devia ser o ciúme de Irene, a gêmea solteirona que aproveitava seu tempo e fortuna viajando. Outros pensavam que elas eram simplesmente loucas e que deveriam ser internadas num sanatório e, rápido.

Ramona era casada com Roberto, um engenheiro medíocre e infeliz que limitava sua vida a usufruir a fortuna da mulher.  Seu casamento tinha sido puramente oportunista, o clássico golpe do baú!

Numa outra festa, bastante concorrida, bastou elas se olharem de modo desafiador para desencadear outra briga violenta. Na ocasião a “guerra armamentista” incorporou novidades.  Agora tínhamos mordidas e arremesso de pratos e talheres uma a outra.

Num grupo de convidados onde se encontrava Roberto, alguém comentou: se você coloca duas facas perto delas, com certeza, uma mata a outra! O grupo riu como concordando com o dito. Roberto se afastou discretamente.

Passaram-se dois messes e numa manhã os jornais anunciavam que numa briga violenta entre duas gêmeas, uma tinha matado a facadas a outra! Irene também tinha sofrido graves ferimentos e seu estado era crítico. Se sobrevivesse seria julgada e a pena seria pesada.

Ah! Pensei, Roberto conseguiu realizar o crime perfeito! Uma morta e a outra condenada a trinta anos de cadeia. Vai usufruir de sua enorme fortuna, porem vai continuará infeliz!


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