SUPERCOMBAT
Jeremias
Moreira
Ontem
à noite, atravessava a sala com alguns livros que ia guardar na estante, quando
o Pedro me chamou:
-
Vovô, venha ver como consigo enganar meu adversário?
O
Pedro é meu neto caçula, de nove anos, e estava no computador. Desviei minha
trajetória e me aproximei. Na tela, figuras de guerreiros se movimentavam num
cenário de guerra. Demorei em distinguir quem era o herói e quem era o vilão. Depois
entendi que o “mocinho”, de uniforme camuflado claro, era o Pedro, que
conseguia manejar o joystick com rara habilidade e se desvencilhar facilmente
do fogo inimigo. Mesmo sem entender as regras e o que acontecia no jogo, aos
pouco fui me interessando. Depositei os livros sobre a mesa e quando dei por
mim estava palpitando na sua atuação:
—
Vai para direita. – gritava.
O
Pedro movia seu guerreiro para esquerda e se safava de um tiro.
—
Salta sobre a muralha e atira de lá.
Novamente
o Pedro me contrariava e conseguia eliminar o adversário, que prontamente era
substituído. Até que, numa jogada ele seguiu minha sugestão. Exatamente nesse lance
seu “mocinho” foi atingido, em cheio, e se desintegrou numa big explosão. Agora,
completamente envolvido, censurei:
—
Você foi muito lento, Pedro.
Com
o olhar fuzilando ele virou-se para mim, mas não querendo me magoar, apenas
disse:
—
Vovô, se você quiser, pode continuar o que estava fazendo.
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