UM ESPETÁCULO NO TÊNIS - Oswaldo Romano

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UM ESPETÁCULO NO TÊNIS
Oswaldo Romano     
                                                                     
        Dois competidores, Piva e Teka, disputavam a partida preliminar, enquanto a assistência inquieta aguardava a final do Campeonato Paulista. Eram do interior de Minas Gerais, desconhecidos pela maioria dos adeptos. Preenchiam o tempo que faltava.

        Como soe acontecer, a plateia conversava ruidosamente, dando pouca ou nenhuma atenção para o duelo que na quadra desenrolava. Eis senão quando, aquele falatório foi silenciando e os olhares voltaram-se para a ferrenha disputa. O que mais chamou a atenção, foram os impactos aplicados na bola que retumbavam no ginásio.

        Olha, olha que disputa, ouvia-se. Caramba! Jogam bem, muito bem.
 Aos poucos o que retumbava eram os entusiasmados aplausos antes contidos pelo desinteresse.

        Lob, backhand, smash, forehand, slice, só vistos nos bons da primeira classe, eram trocados pelos, até então, desconhecidos atletas.

        Sabe aquela leitura que você não quer que acabe? Assim ficou paginada essa partida.

        No terceiro sete, que seria o último, assistiu-se a primeira dúvida envolvendo os jogadores. O senhor juiz deu bola fora no saque derradeiro de quem vencia. Tremenda indignação.

Contava 40 a 30 para o Teka. Sentindo-se prejudicado, contestou com veemência e muito nervoso. Enfrentando o arbitro, irritado, correu em direção a linha de fundo da quadra, onde garantia encontrar a discutida marca da bola.

        O juiz, da sua alta cadeira, apreensivo de ter cometido um erro, com a mão segurando o queixo, aguardou o resultado. Ditinho, o pegador das bolas, curioso como todos boleiros, já estava cercando seu rastro. Taciturno viu que por pouco, passou a linha.

        Teka, numa sacada inteligente, depois de curvar-se, secando a marca com seu olhar, volta-se para o folgado juiz , chama-o e pergunta:

        —Seu Juiz?! Linha vale?

        —Claro!? Vale sim.

Convencido encerrou a partida, apontando-o como o vencedor.

        Autoridade absoluta no momento, deu como bola boa. Teka jogou-se no chão, abrindo os braços e batendo as pernas pela vitória. Ditinho surpreso, curvando-se sobre o alegre tenista, muito desajeitado disse:
        —Mas a bola foi fora...


        —Eu vi, mas eu não falei que ela foi dentro.

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