MÃE
Sérgio Dalla Vecchia
Ao lado de minha
mãe, sentado em um sofá e com um dos braços sobre seus ombros, mimava-a com um afetuoso
cafuné.
Seus cabelos de tão
macios deslizavam entre meus dedos.
O aroma da colônia
alfazema purificava o ambiente e me relaxava.
Enquanto a
acariciava o seu deleite era claro.
Ora pressionava a
cabeça contra as minhas mãos, ora a afastava e assim continuava.
Recordei por
quantas vezes, ela com minha cabeça em seu colo, fez o mesmo até que eu
adormecesse.
Também dos lautos almoços
dominicais, o camarão, as massas e os doces caseiros.
Do seu sorriso
crescente até às gostosas gargalhadas nas festinhas de aniversários.
Enquanto eu
recordava, mamãe com os olhos quase fechados, absorvia tanto o relaxamento que
sua cabeça se inclinava para frente, ensaiando um cochilo.
Peguei uma beira do
cobertor que envolvia suas pernas e continuamos abraçados. Quando abri os olhos
percebi que nós havíamos tirado uma boa soneca, encantados pelo aconchego mútuo.
Tão agradável era a
situação que sequer lembrei, que com seus 92 anos ela era dependente de
cuidadoras, nem lembrara meu nome e tão pouco quem eu era.
Contudo, eu bem sabia
da força de Maria Yvette e ela por sua vez me reconheceu apenas me apercebendo.
Era
tudo que eu esperava naquele dia das mães.
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