O Namorado perfeito - Ises de Almeida Abrahamsohn

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O Namorado perfeito
Ises de Almeida Abrahamsohn

Era a terceira vez que saíam juntos. Marina estava encantada. Conhecera Sílvio há três semanas na festa de casamento de um colega de trabalho. O jantar no bistrô foi perfeito e a moça se perguntava se, enfim, ele a convidaria para um café ou drink no apartamento. Nos dois encontros anteriores a noite terminou apenas com beijos quando ele a levou para casa. Nesta terceira vez Marina estava esperando mais.

Antes de sair avisou a amiga com quem dividia o apartamento que provavelmente chegaria tarde.

Bem que ele podia ser mais ousado, confidenciou à amiga enquanto se arrumava. Até estranhei um cara tão bacana, culto e gentil dando sopa por aí. Em geral na idade dele não sobram muitos desimpedidos. Casado não é, porque perguntei ao Moacyr que já voltou da lua de mel. O Moa disse que é um antigo colega da faculdade que reencontrou há pouco tempo. Então também não sabe muito da vida dele, mas me assegurou que o Sílvio não é casado ou, se for divorciado, não tem filhos. A gente tem que ter cuidado, né?

No carro, entre caricias e beijos veio finalmente o convite que Marina esperava. A moça admirou o elegante apartamento. Silvio serviu-lhe uma taça de vinho e ela deixou-se envolver pelas caricias cada vez mais ardentes. Sem se desgrudarem seguiram até o quarto. O rapaz com a mão direita tirou a chave do bolso e destrancou a porta enquanto mantinha Marina abraçada pela cintura. Foi quando a moça viu os apetrechos presos às paredes. Argolas, chicotes, e algemas ameaçadoras presas à cabeceira da cama naquele quarto à prova de som, de paredes forradas de veludo e espelhos.

Não quero isso, me deixa sair! Gritou Marina subitamente desperta de sua paixão.


O gentil Sílvio, com um sorriso cruel, retrucou que era tarde para isso e empurrou-a para dentro do quarto. A moça correu para alcançar a porta. Um safanão atirou-a ao chão. Gritou por socorro. O sádico tentou amordaçá-la, mas ela se desvencilhou e conseguiu chegar até a sala, agarrar a bolsa e se trancar no banheiro. Ainda transtornada, sem saber onde estava, conseguiu explicar com dificuldade o aspecto do prédio e a rua para a amiga. Uma hora depois ouviu baterem na porta e a voz da amiga acompanhada de um policial. Nem sombra do gentil Sílvio. Aliás, o apê, que era alugado por noite, tinha outros quartos igualmente “especiais”. O proprietário residia no exterior.

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