O banquete do gato
Ises
A. Abrahamsohn
Andava pela escuridão macia
Perscrutando com olhar guloso
A captar nas pupilas os indícios
Do acre aroma as origens.
Mistura fina de vísceras de peixe
Compunham o saboroso olor
Moléculas estabanadas dançando
No irresistível vapor.
Localizado o tesouro,
Afundou com volúpia o focinho
Na massa já meio decomposta.
Saciado pelo lauto banquete
Lambeu cara, patas e delicados bigodes.
Assim banhado voltou a caminhar o felino
A repisar sem ruído as ruas escuras
Em busca de noturnas aventuras
Um gato arredio de pelo cinza e sedoso
De paladar assim tão caprichoso.
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