Meu
netinho é
um anjo
Angela Barros
Todas as vezes que Laura abre a porta do
seu apartamento quando seu neto chega ela é
brindada com um largo sorriso, dois bracinhos abertos em sua direção pedindo
colo ou um dedinho apontado para algo que ele quer pegar. Tiago está com um ano
e dois meses, tem dois grandes olhos negros,
e cabelos com cachimbos característico das crianças que nunca cortaram
as madeixas. Faz pouco tempo que começou a andar, por isso, de vez em quando
cai como fruta madura. Ainda não fala, mas adora conversar, pedir coisas que
não se sabe exatamente o quê e adora conhecer gente nova, aliás vai com a maior
facilidade com qualquer pessoa que lhe agrada.
Na última
vez que o Tiago precisou dormir na casa da avó quase a deixou louca. O menino lutou com todas suas forças para não
dormir. Laura usou todos os artifícios disponíveis: ligou a TV no desenho
preferido, A Galinha Pintadinha, balançou o pequenino no colo por todo o
apartamento, contou historinhas, cantou todas as músicas de ninar que conhecia,
mas sempre que o colocava na cama o menino abria um berreiro desesperado como
se o colchão estivesse cravejado de pregos.
Já
estava cansada, com sono e uma baita dor no ciático teve a ideia, de coloca-lo no
carrinho e levá-lo para passear na garagem do prédio. Santa ideia! Depois de
dez minutos sacolejando o menino, como por encanto ele caiu nos braços do
Orfeu. No elevador encontrou uma vizinha que disse: Que anjinho esse menino!
Laura já sem forças apenas acenou afirmativamente a cabeça.
Quando na manhã
seguinte os pais chegam, perguntam como foi a noite, Laura apenas responde: Tudo
ótimo minha filha, pode deixar o Titi aqui sempre que quiser, esse meu netinho
é um anjo, não dá trabalho nenhum.
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