JUSTIÇA TORTA
Oswaldo
U. Lopes
Fazia tempo que André era juiz, muito
tempo. Chegara a capital, mas não a desembargador. Juízo criminal. Crime mais
comum? Pasmem, espancamento de mulher por marido. Não que no interior não
houvesse e que ele já não tivesse visto,
mas como exercia funções cíveis e criminais acumuladas a coisa se misturava.
Agora numa vara especifica já estava
cansado daquilo. Mulher calada de olho roxo, braço na tipoia. Homem forte o
suficiente, grosseiro e cheio de si. Se tivesse que o prender era melhor que
fosse para junto de outros da mesma espécie. Machão que bate em mulher não é
bem vindo em presidio comum.
Olhou o tipo e fulminou:
-
Esta arrependido? Vau acabar com isso? Ou é melhor cuidar de separação.
-
Não estou. Se não cozinhar direito apanha de novo. Vou deixar o outro olho roxo.
-Ótimo!
Representa perigo eminente. Decreto prisão preventiva. Levem-no ao Centro de
Triagem e contem aos outros presos o que ele fez e o que diz que ainda ia
fazer.
O valentão empalideceu. André
levantou-se de alma lavada e foi saindo, ainda que torta, às vezes era possível
fazer justiça.
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