A viagem sem volta
Ana Maria Pinto
Antonio desde muito novo, se deslocava de país em país, por
força de trabalho ou porque a falta dele o fazia mudar de lugar. Era bem recebido,
mas havia sempre algo, nas pessoas que o recebiam que o fazia sentir-se
estrangeiro.
Depois de muito rodar, resolveu que iria para o Brasil e que
dali não sairia mais, mesmo que essa sensação de estrangeiro se mantivesse.
No Brasil foi muito bem recebido, mas ele pensou que isso
seria um cenário bem restrito. O tempo foi passando e ele até se esqueceu do
seu trauma. Até que lhe veio um convite para regressar à sua terra de origem,
ele percebeu que não queria ir e que finalmente tinha encontrado o seu lugar.
A IMAGEM NEGADA
Ana Maria Pinto
Estávamos no interior da Bahia e na semana Santa era hábito que
uma imagem de N. Senhora, fizesse uma estadia de dias de casa em casa. Quando
chegou à minha casa, expliquei que nada aconteceria com a imagem, que ela não
seria venerada, pois ninguém era chegado a essas práticas. Então a imagem
seguiu para outras casas, com o acréscimo da historia da recusa, que
rapidamente se espalhou pela pequena cidade.
Foi assim que percebi que ninguém se preocupa com o que os
outros pensam ou sentem, pois o que conta são os seus próprios padrões.
O FILHO DA MÃE
Ana Maria Pinto
A situação estava complicada, tanto social como politicamente e
o casal resolveu mandar o filho de poucos meses de idade para casa da avó.
A mãe trabalhava, o que na época não era muito comum e a sogra achava que desse
modo ela jamais poderia cuidar bem do filho. Quando meses depois os pais foram
buscar a criança, as queixas eram muitas e as acusações também. A sogra se
queixava que a mãe era uma idiota e que nada sabia fazer em relação às prendas
domésticas, que só pensava em trabalho.
Foi preciso ouvir as acusações com muita calma e compreensão,
respirar fundo e compreender que os tempos mudam e que as pessoas, sobretudo as
mais velhas, não conseguem acompanhar os novos tempos.
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