SEQUELAS DE UM SEQUESTRO - Sergio Dalla Vecchia


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SEQUELAS DE UM SEQUESTRO
Sergio Dalla Vecchia

A chamada do noticiário da TV foi a seguinte:

Nesta manhã uma criança recém-nascida foi sequestrada em renomada maternidade. Os pais desesperados buscaram a polícia.

E assim, começou a história de uma inocente em braços não familiares.

Foi tolhida de conhecer os pais biológicos e da informação de que eles existiam.

Seu mundo era de plena felicidade, escola boa, passeios, brinquedos, roupas da moda e muito amor dos pais sequestradores. Nada lhe faltava.

De repente, aos nove anos de idade, os pais biológicos após incansáveis buscas, conseguiram encontrá-la. E com enorme surpresa a menina se vê diante de outros pais.

Mas como, eu já tenho meus queridos pais! - Pensava a assustada menina -
Como se atrevem esses dois, totalmente a mim desconhecidos, apresentarem-se como sendo meus pais? Não consigo entender!

E assim um conflito entre duas situações antagônicas, aflorou na pequena cabeça pré-púbere.

De um lado a felicidade, o bem-estar e o amor. Do outro lado a incerteza, a frieza do desconhecido e nenhum comprovado amor!

A menina era convicta do bem querer de seus pais sequestradores, mas não tinha nenhuma certeza em relação aos pais biológicos.

Talvez eles não tenham amor por mim como dizem! -Refletia ela
Não conviveram comigo, não conhecem meus costumes, temperamento e tampouco minhas notas na escola!
Acredito que eles possuam é um sentimento de perda, mas não propriamente amor. É muito impetuoso para se falar de amor!

Foi aberto um processo jurídico, onde os pais sequestradores foram considerados culpados e condenados a 20 anos de reclusão em regime fechado.
Assim, após o vendaval emocional de todos os envolvidos, de uma hora para outra, a menina sentiu-se só e emocionalmente desprotegida.

Com os pais presos e os outros recém apresentados, para ela simples estranhos, a tristeza tomou conta da sua existência.

O juiz concedeu a guarda para os verdadeiros pais, e lá foi a triste menina de encontro ao desconhecido.

A adaptação seria difícil, mas com muito esmero os novos pais iniciaram o processo de conquista da própria filha.

Ela foi matriculada em outra Escola onde aos poucos formou novas amizades. A melancolia que seus olhos mostravam, serviram para que dela se aproximassem as coleguinhas com amor puro e senso de fraternidade. Tal solidariedade muito a ajudou.

O amor da mãe era tanto que chegava a ser exagerado pela quantidade de abraços, beijos e mimos.

O pai um pouco mais distante, mostrava-se bastante feliz. Por vezes punha-a no colo e mantinham diálogos afetivos. Ele aproveitava vez em quando, para especular sobre a convivência com o outro pai. Era ciumento e se esforçava muito para ser o melhor.

Assim o tempo foi passando e a adaptação estava quase completa.

Faltava apenas a realização de uma promessa feita logo nos primeiros dias de convivência.

E, finalmente para a alegria da menina, a promessa foi cumprida e todos foram visitar a arrependida mãe sequestradora, na triste condição de interna em uma Penitenciaria. 


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