Marie
Angela Barros
Desde
que Marie ficou viúva um dos
seus passatempos preferidos é frequentar o Museu Órangerie, coisa que faz
caminhando já que fica próximo a sua casa.
Ela
adora escutar os sons produzidos pelos visitantes de todas as idades e de todos
os lugares do mundo. Os barulhos das crianças, os ruídos produzidos pelo mais diferentes tipos
de calçados, principalmente os provocados pelos saltos altos das mulheres ou a
falta de som dos tênis usados pelos jovens.
Quando
ouve gritinho, risinhos e passinhos rápidos e agitados percorrendo a sala de um lado para o outro, já sabe,
em seguida virão os “psius” das professoras e de imediato o bumm de todas
sentando no chão. Já para os xums, xums pode imaginar, são aquelas crianças que
não conseguem parar quietas e ficam esfregando o chão de um lado para o outro.
Outro
dia ficou especialmente intrigada pelos téc, téc, tóc, tóc produzidos simultaneamente e
descobriu que isso acontece quando um casal está passando. Que pode ter variações
do tipo, téc, tóc, tôc, caso o casal esteja acompanhado de um jovem, por
exemplo, que sempre usa calçados com sola de borracha.
Uma
coisa ela tem certeza, quando escuta os fru, frus de tecidos, os trim, trins e
os téc, técs rápidos,
com certeza é uma senhora daquelas tipo perua, vocês sabem o que quero dizer.
Outro
dia quando sentou para descansar o salão estava num silencio total
quando começa a ouvir alguém se aproximando. Deve ser uma mulher jovem, alta e
bonita imaginou, já que o caminhar reproduzia um som forte e ritmado de um
salto alto. Pá, pá.
Com
a aproximação da pessoa a viúva
percebe uma leve mudança no som,
estranho, parece que o caminhar é produzido em três tempos, algo como pá pá intervalo
e uma terceira batida mais forte pá, tipo um tambor marcando os passos dos
soldados. Pa, pá, pausa pá.
Curiosa
ela vira em direção dos
passos, parece ser uma pessoa muito robusta e alta com uma bengala. As batidas
passam em sua frente e o barulho aumenta pá, pá, pausa, pá, para depois ir
diminuindo e se arrastando cansado quando chega do outro lada da sala. Dessa
vez Marie não conseguiu identificar a quem pertencia o pá, pá, pausa pá. Fica
para outro dia!
Marie
decide que está na hora de ir
embora. Levanta, abre sua bolsa, retira algo que parece um canudo branco, faz
um movimento para frente e trek, abre de uma só vez aquela que é sua guia e
fiel amiga, sua bengala, que a conduzirá de volta para casa sã e salva.
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