O SEGREDO DA MINHA VIDA - Mario Augusto M. Pinto







O SEGREDO DA MINHA VIDA 
Mario Augusto Machado Pinto

Eles se conheceram trabalhando no mesmo local apesar de para empresas diferentes. Foi no piso do Pregão da então chamada Bolsa de Valores de São Paulo comprando e vendendo ações e títulos por conta de terceiros. Sempre corretos, a amizade foi se solidificando com o correr do tempo passando de negócios para assuntos pessoais e algumas vezes até íntimos e familiares.

Um era alto, meio gordo de barriguinha de pároco; o outro era menor, não era nenhum varapau mas era mais magro. Trabalhavam com tanta harmonia que seus colegas os chamavam de o Gordo e o Magro, como a dupla conhecida do cinema. Os dois aceitavam e riam muito das gozações e piadas. Chegaram a inventar um Carlitos...

Certo dia o Magro disse ao Gordo que estava com problema para tocar pra frente aquela pendência familiar conhecida de ambos.Segredo até das mulheres.

Entre eles não valia o ditado que diz ”se você quer que alguém guarde segredo de alguma coisa, não conte”.

Eram amigos de verdade. Sabiam da vida e milagres de cada um e esse saber ficava guardado dentro de uma tumba. Eram tão amigos que pela respiração de um o outro já sabia o respectivo estado de espirito.

Foi assim o combinaram para tratar do assunto ainda segredo: quem ligasse primeiro deixava o telefone tocar por duas vezes e desligava; depois deixava tocar uma vez e desligava e finalmente, uma vez e desligava. Quem concordasse ligava de volta e fazia os toques em ordem inversa; dez minutos depois deviam se encontrar no local já predeterminado. Era perto dos dois.Foi o que fizeram.

-E aí, Magro, tudo em cima, em ordem?Cadê a alegria?
-Não, não está.

-Só tem que estar! Na véspera você me diz uma coisa dessas? Você está me gozando. O que sucede? Desandou a maionese? Já disse pra você que na sua situação, eu gargalhava o dia inteiro.

-Gordo, sucede que como combinamos não vai dar pra fazer.
-Mas por que, homem de Deus?

-Porque vou ter que falar com pelo menos um. Não posso começar com meu neto. Tem que ser um adulto da família. A primeira pergunta vai ser: a troco de quê devo me encontrar com você? O que você pretende? Vou dar respostas evasivas, vai desconfiar e vai comentar com os outros. Todos tem língua de trapo. E aí, já viu, né?

-Se vamos pensar assim é provável que você esteja certo. É. Pensando bem é bem possível que aconteça. Como você vai fazer?

-Sozinho. Gordo, olha, pode ser que seja melhor.Faço tudo direitinho. Dou um jeito depois.

-Tá bom. Concordo. Então faz assim. Espero que dê tudo certo. Faz e não conta pra ninguém até você começar a rir novamente. Vai ser o seu segredo por algum tempo. Aguenta o mais que puder. Você deve gozar dessa situação. Você será um homem poderoso, dono de um segredo valioso e fantástico! Conta comigo pra o que for! Felicidades! Você merece.

-OK. Já me sinto aliviado, sem aquela tensão de quando começamos a conversar Aliás, conversa curta como sempre entre nós. Tchau. Obrigado.
E cada um foi para o seu lado. Um ainda pensando em como resolver e o outro pensando em como seria feito.

Mario Augusto Machado Pinto                               Março 2.013
marioamp@terra.com.br 

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