Na Biblioteca. - Maria Luiza de Camargo Malina.


 

Na Biblioteca.
Maria Luiza de Camargo Malina.


O dia começa suspenso no ar. O que fazer se a leve névoa da indecisão esbarra em você, com tantos compromissos assumidos.

Rapidamente Marie decide não encarar o frio cortante que esta lá fora e olha carinhosamente para a ampla biblioteca de sua casa e de tão pouco uso.

As cores dos livros precisamente enfileiradas a atraem e, observa pela primeira vez no silencio, a mudez que a biblioteca tem...cria de imediato uma cumplicidade carinhosa com esta solitária biblioteca.

Quantas letras uma após a outra formando palavras que jamais seriam lidas, estariam a sua espera? Ou de alguém? Mas quem seria este alguém? Sente  um certo ciume de seus livros.

Percebe que torna-se difícil  separar a sensação de sentimentos e entrega-se na decisão consciente da aceitação de um encontro marcado. Vasculha com os dedos irrequietos algum título. Nada de poeira, tudo absolutamente limpo, livre e leve.

Assim as cores começam a engolir a sua curiosidade até o momento em que seus dedos se deparam com um determinado título acariando-o e abrindo a primeira página lentamente.

O envolvimento torna-se frenético e não percebe o correr das horas. Encontra seu refúgio e seu grande amor platônico – que há muito a esperava – na biblioteca.


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