Não
foi o mordomo
José Vicente Jardim de Camargo
José Vicente Jardim de Camargo
—
Trinca de azes! - Exclama Rui, baixando na mesa redonda, coberta de feltro
verde, suas cartas com as quais apostara bem mais do que podia, na esperança de
recuperar o muito que já perdera naquela noite. Sentia que seu azar ia se
reverter nesta jogada. Seu adversário gostava de blefar, mas desta vez ia se dar
mal. Recusava pensar o contrário, em ouvir aquela voz que dizia para parar, ir
para os braços de Amélia que o estava esperando − com certeza já lera a metade
do livro – Sim! Ganhando essa iria para
casa, ouviria com atenção ela contar o que já lera – apesar de sua mente estar
no jogo da noite, nas jogadas que não deveria ter ido ou naquelas que deveria
ter apostado mais alto.
—
Quadra de ouros! Retruca Pedro, recolhendo com olhos brilhantes as fichas de
alto valor da rodada ganha: “Dessa
vez esse Rui se ferrou mesmo. Só quero ver como vai pagar. Está atolado em dívidas,
casa e carro já penhorados. E eu preciso dessa grana com urgência, para quitar
as duplicatas que estão me levando a falência. Pelas regras, ele tem uma semana
para me pagar. Mas tenho serias dúvidas se vai conseguir...”.
Da boca lhe pende a cigarrilha apagada, cacoete de longa data que não perdeu,
mesmo depois da proibição de fumar durante o jogo. Segundo ele, lhe acalma os
nervos na hora de decisão, lhe dá confiança.
No
caminho à casa, Rui, sentado ao volante, dirige por instinto qual robô. Na
cabeça um rodamoinho de pensamentos que entram e saem a procura de uma solução onde
possa agarrar.
De
novo vem aquela ideia lhe provocar como a única possível, a mais fácil e
definitiva. Ele reluta, seu lado racional tenta expulsar essa saída macabra,
mas, na situação em que se encontra, não há alternativa. Sente o mesmo quando
tem as cartas na mão. Não são seus músculos que as manipulam, mas uma força maior
que sua vontade, que o leva a escolher as cartas, bolar a jogada, fazer as apostas cada vez mais altas, gritar a vitória, ou a torturar-se em silêncio
na derrota.
“Sim, está decidido!
Chegando
em casa, abraça Amélia, lhe dá um beijo ardente, pede desculpas pelo tardio da
hora e responde, quando perguntado se ganhou bastante: “Sim, rios de dinheiro!”
E lhe arrasta para a cama, com um sorriso sarcástico...
No
dia seguinte, após o almoço, Rui avisa a mulher que irá passar na casa do tio
Fonseca.
—
Estranho! Diz ela, pensei que não gostasse dele. O acha tão avarento, que nunca
lhe deu a mínima atenção, preferindo sempre seu irmão caçula, o anjinho da
família...
—
Tem toda razão, retruca Rui. Mas não esqueça de que gostando ou não dele, sou
um dos seus herdeiros e nessa condição preciso me aproximar mais para não ficar
de fora da bolada, que é certamente o que meu irmão mais deseja. Tchau, ligo mais
tarde.
No
trajeto à casa do tio, Rui repassa na memória o plano que há tempos traz
consigo, mas que ainda não tinha tido coragem de realiza-lo. Agora, com a faca
na garganta, é hora de pô-lo em pratica.
Entra
na primeira farmácia que vê, e com voz clara e firme pede: “Ketamina”! − nome
complexo, para um produto de tão vil utilidade, mas até que, no popular, soa
bonito: “boa noite cinderela”! – paga e sai com a mesma pose que entrou...
Na
porta da casa do tio, rebate a surpresa deste ao vê-lo:
—
Estava de passagem e me deu vontade de lhe dar um abraço. Nos últimos dias
tenho pensado bastante em papai, nas histórias que contava das malandragens que
vocês dois aprontavam na juventude, principalmente nas que envolviam rabo de
saias. Achava que você, como irmão mais velho, ao invés de livrá-lo das encrencas
o empurrava pra fogueira.
O
tio, ainda surpreso – “Este
pirralho pensa que me engana. Puxou ao pai! Uma maçã bichada: bonita por fora,
mas podre por dentro. Deve estar tramando algo. Não sei como pode sair tão
diferente do irmão, gente fina” − o convida para um chá na biblioteca, seu lugar
favorito onde passa a maior parte do dia, trancado, envolto nas suas leituras
sobre a criação do universo: “tão grande e misterioso quanto a mente humana. Quanto
mais o pesquisa, menos se conhece...”.
Rui
aceita o convite sem pestanejar – “Meu
plano vai indo de vento em popa. Este velho avarento vai ter o que merece”
– apertando no bolso o pó comparsa...
Na
biblioteca, local alvo do seu plano, enquanto o tio serve o chá, lança um olhar
à janela totalmente fechada, e, aliviado, vê que não há móvel encostado e
pergunta:
—
Tio, me mostre aquela foto do meu pai
consigo em Campos de Jordão, no fordão conversível. Sonhei com ela uma noite...
−
Não sei bem onde a guardei, responde o velho meio intrigado, caminhando para
a estante na direção oposta.
Rui,
com a rapidez que embaralha e dá as cartas, retira do bolso o saquinho de pó e
o despeja na xícara de chá do tio. Levanta e, fingindo olhar os quadros antigos
que o remetem às festas de infância quando a família se reunia na casa dos avós
paternos, que por herança ficara com o tio – seu pai herdara o apartamento no
qual ele mora com Amélia – examina com olhos observadores de jogador, o estado
dos ferrolhos e abre somente a vidraça para não desconfiar, demonstrando calor:
—
Um pouco de ar fresco faz bem, ainda mais
em dias quentes como hoje!
O
tio acena concordando:
—
É que não gosto de barulho, mas tem
razão. Mais tarde Alzira fecha. Achei! Aqui está a foto.
Rui
a olha fingindo emoção – maldita lágrima que não cai! – e, segurando o braço do
tio, o conduz para a poltrona:
—
Beba seu chá antes que esfrie. Mas,
falando em Alzira, onde está ela? Não me abriu a porta...
—
Ela fica no quarto nos fundos passando
roupa e assistindo novela na tv. Como tem um pouco de surdez, põe o som alto e
não escuta a campainha. Me trouxe a térmica de água quente para o chá que eu
mesmo gosto de preparar. Chá com conhaque é a minha bebida preferida. Passo a
tarde bebericando enquanto curto meu hobby: estudar o universo! Como você sabe sou
muito metódico, por isso não me casei, preferi a liberdade e a paz – “Espero que depois dessa, esse sujeitinho
desconfie que está na hora de dar o pé. Quero terminar a leitura sobre a
formação dos tais “Buracos Negros”, um dos grandes mistérios do universo”.
Rui,
traduzindo o pensamento do velho – mais uma lição aprendida no jogo – e vendo a
xícara dele vazia, sinal de que o efeito da droga não tardará – levanta-se:
—
Bem tio, vou indo, não quero atrapalhar a
sesta.
−
Acompanho você até a porta e, por favor,
não se esqueça de fechar o portão. Como sabe, vivo aqui trancado a sete chaves.
Não tanto pelo perigo de intrusos, já que a rua é bem calma, mas por ser mais
uma das minhas manias.
Rui,
no portão, tira rapidamente do bolso o saquinho vazio e o interpõe entre o
trinco e o batente, bloqueando o fechamento completo do mesmo.
Dirige-se ao carro estacionado no quarteirão seguinte, senta e respira fundo: “Pronto! Agora é esperar o efeito do sonífero e tcham, estou rico! ”.
Dirige-se ao carro estacionado no quarteirão seguinte, senta e respira fundo: “Pronto! Agora é esperar o efeito do sonífero e tcham, estou rico! ”.
Aguarda
algumas horas – para ter a certeza − retira do porta-malas do carro, a pequena
mochila contendo boné, luvas, óculos escuro, bigode postiço, pó grisalho para o
cabelo, pé de cabra, ferramentas auxiliares e o principal: uns oitenta
centímetros de fio de cobre, para o torniquete final.
Após
vestir o disfarce, caminha confiante em direção a casa do tio, como se tivesse
nas mãos um “Royal Street Flash” que o irá livrar do tormento das dívidas e ganhar
a vida que pedira a Deus...
O
artifício usado no portão funcionou, abriu-o sem problemas. Dirige-se à janela
da biblioteca, situada na lateral da casa. A grade com folhagens que separa o jardim da
rua, a oculta de uma visão externa – “essa mania do velhote de viver recluso, vem
bem a calhar”.
Mais
fácil do que imaginara, a veneziana cede à força do pé de cabra. Ansioso, Rui
distingue na penumbra da tarde, a figura do tio deitado no sofá, de bruços,
onde costuma tirar a sesta. Está imóvel, pula a janela, caminha lentamente em
direção a ele, já tendo nas mãos o fio de cobre na posição correta, quando nota
um pequeno fio de sangue escorrendo pelo
ouvido do velho.
Para!
Num sobressalto aproxima mais e vê outro fio de sangue tingindo os lábios entreabertos.
Trêmulo recua um passo, mira em volta à procura de alguma pista, de algo que
lhe chame a atenção. Nada! Tudo parece exatamente como deixou há poucas horas. Só reina o silêncio absoluto...
Sem
poder tirar os olhos da imagem cadavérica como se dela irradiasse uma força
magnética, pensa rapidamente como prosseguir nessa situação inesperada. Confirma
se está com as luvas, limpa os lugares que tocou, inclusive a xícara de chá que
usou e a repõe junto com as demais que Alzira deixa à disposição. Idem com a
foto do pai. Guarda o fio de cobre e demais utensílios na mochila. Continua a
recuar até a janela, pula para a luz. Sempre atento se não há estranhos em
volta, abre e fecha o portão, e em passos largos volta ao carro.
Ainda
em choque, continua a lhe bater a pergunta estridente:
“Quem foi!?”
Imagens
de possíveis suspeitos lhe vêm à mente, porém não consegue encontrar nenhum com
motivos que justifiquem tal ato. A droga que utilizou não pode ser a causa da
morte, pois se certificou na literatura médica e na própria bula. Mesmo em
pessoas idosas só causa um sono profundo, mas passageiro.
Com
a cabeça ardendo decide voltar para casa, descansar, pôr os pensamentos em
ordem e aguardar o desenrolar dos fatos. Mas, não pode deixar de dar um sorriso
gostoso ao pensar que está rico, suas dívidas pagas, enfim vai poder desfrutar
da vida, realizar seu sonho de jogar em Las Vegas, com Amélia ao se lado, feliz
com as joias, perfumes e roupas de grive que sempre sonhou e ele nunca lhe pode
dar.
Pensando
em Amélia, é importante informá-la sobre a cordialidade da reunião, já que ela
é a única pessoa que sabe que ele esteve com o tio. Caso algum vizinho ou
passante o tenha visto, não o vai reconhecer, pois estava disfarçado. Sobre a
verdadeira intenção da sua visita, não dirá nenhuma palavra.
Em
casa, relata a visita à esposa: o convite para o chá, a foto do pai, o
interesse pela astronomia, enfim um bom bate-papo que redime as más impressões
que tinha e – mentindo para justificar uma eventual “causa mortis” – o aspecto cansado
e doentio do tio.
No
jantar abre uma garrafa de vinho francês para dar a impressão de estar feliz
com a reconciliação familiar – mas, no íntimo brinda a riqueza salvadora, tão
fácil, que nem as mãos precisou sujar − quando o telefone toca:
−
É você Gustavo, o que manda? Como! O Tio morreu?
Sim, irei, até logo...
Olhando
Amélia, finge estar com a voz embargada:
−
Bem disse que ele não estava de boa
aparência. Alzira o encontrou morto e ligou para Gustavo. A polícia já está no
local. Vou indo, com certeza vão querer me interrogar.
−
Ainda bem que você o viu, uma despedida,
complementa ela.
−
Espero que a polícia também pense assim. Por
isso, por segurança, vamos manter minha visita só entre nós. Não direi nada a
polícia, pois não tenho nenhuma testemunha que confirme, que ele estava vivo
quando o deixei.
No
caminho, mais uma vez, Rui contorce o raciocínio sobre quem teria interesse em
liquidar o velho: Vivia recluso, raros amigos, parentes só ele e Gustavo, que
se dava bem com o tio − para mim esse irmãozinho sempre foi uma incógnita.
Ingênuo por fora, mas nem tanto por dentro. Será que está precisando de dinheiro?
Comigo nunca se abriu. Espero que não tenha plantado ou dito algo contra mim.
Alzira devia ter me ligado primeiro, como irmão mais velho. Mas lógico, sabia
que o velho não ia muito com a minha cara. Espero que isso não venha me causar
problemas.
Quando
chegou, Gustavo deu os detalhes:
—
Como de costume, Alzira levou o lanche após a sesta e ele não abriu a porta.
Bateu várias vezes e nada. Então me ligou imaginando algo ruim. Pedi a ela que
chamasse a polícia e prestasse todos os esclarecimentos, pois estava numa
reunião super importante. Quando cheguei, o delegado e a equipe de peritos já
estavam colhendo e analisando eventuais provas – trouxeram um verdadeiro
laboratório rodante. Alzira diz que ele estava bem, animado com seus estudos de
astronomia. Não recebeu nenhuma visita hoje e da biblioteca, ao que parece, nada
foi roubado ou mexido.
O
delegado interrompe a conversa dirigindo-se a Gustavo:
—
Não temos dúvidas que se trata de um crime. Sr. Fonseca foi assassinado! O
resultado do exame de sangue revelou que ele ingeriu um coquetel conhecido por “boa
noite cinderela”, um sonífero geralmente utilizado por quem quer roubar ou
estuprar a vítima, já que o efeito é só de algumas horas. Mas, esse não foi o motivo da morte. Encontramos
também uma alta dose de Valium, aplicado por injeção na veia, conforme atesta um
hematoma na parte lateral do pescoço. A combinação dessas drogas com álcool −
dona Alzira confirma o costume do chá com conhaque − acarretou uma parada cardiorrespiratória
e hemorragia interna. Também o exame toxicológico mostra, pela presença das
substâncias ativas ainda no sangue, que o Valium foi aplicado após a ingestão
do coquetel.
—
Assassinado? Exclama Gustavo
—
Seu tio, se quisesse suicidar-se, não necessitaria aplicar a injeção num local
tão incomodo. Além do mais, não teria como comprar as drogas sem o conhecimento
da empregada – supondo, segundo seu testemunho, que a mesma é da mais absoluta
confiança. Minha conclusão é que o assassino pulou a janela, já que a porta
estava trancada por dentro, e deparou com
a vítima adormecida no sofá, na
posição encontrada, e aplicou a injeção no local de mais fácil acesso. A dúvida
a esclarecer – e não será fácil dado a falta de provas – é por que o assassino aplicou
as drogas em horários diferentes. Tudo leva a crer que não tinha suficiente
conhecimento do assunto, já que somente o Valium, na dose aplicada, bastaria
para o óbito. Mas, preferiu, por segurança, reforçar com o “boa noite Cinderela”.
—
Mas o motivo, pergunta Gustavo
—
Como aparentemente nada foi roubado, o
motivo do crime é incerto. Talvez vingança, talvez passional – apesar de levar
uma vida reclusa, não se pode excluir essa hipótese – ou por interesse
financeiro: a herança por exemplo, –
mirando os irmãos com olhar indagador. Mas,
esse motivo está descartado, já que o Sr. me informou, que seu tio deixou todos
os seus bens para a “Associação dos Astrônomos Independentes”.
Rui
tem um baque! Procura uma cadeira para se sentar, sua cabeça gira em rodamoinho:
“injeção de Valium, associação astronomia,
deserdado! Devo estar sonhando...” Pede a Alzira um copo de água com açúcar
– desde criança, quando nervoso, sua mãe lhe dava um.
—
Alguma pista? Indaga novamente
Gustavo ansioso.
—
Nada conclusivo! Continua o Delegado.
Somente no jardim da frente, junto a janela, foi encontrado esta bituca de cigarrilha
– mostrando a mesma conservada em um invólucro plástico. Segundo Dona Alzira,
nem a vítima, nem ela, nem o jardineiro foi ou são fumantes. E, pelo que vejo,
nem os Srs. A bituca já foi periciada para verificar eventuais impressões
digitais, mas infelizmente está muito deteriorada. Qualquer informação não
seria confiável.
Rui,
num salto, levanta da cadeira e olha fixamente o objeto encontrado:
“É a marca que ele fuma! Me disse inclusive
que é difícil de encontrar, fabricação artesanal, produção pequena. Mas por que
o mataria?
Mirando
o irmão, pergunta:
−
Que raio é esse de associação
independente?
−
Desculpe, mas Tio Fonseca me pediu para
contar a você só depois da sua morte, responde Gustavo. Temia que você não concordasse
e tentasse impedi-lo, inclusive usando violência. Em testamento, esta casa será
a futura sede da associação e os demais bens vão para um fundo de manutenção e
compra dos equipamentos de pesquisa. Estava muito entusiasmado com os tais de
“buracos negros” do universo.
Dias depois, informado pelo irmão que a
polícia não tinha novas provas e mais conformado de ter perdido a herança − mas,
pelo menos, ganhara a paz de não carregar uma morte na consciência − Rui
procura Pedro no clube de carteado. Sua vontade é de lhe dar uns murros, mas se
contém – usarei o acontecido a meu favor e além do mais ele é mais forte que eu
– e antes de abrir a boca, Pedro lhe faz um sinal para calar e diz:
−
Fiz isso por você! Há tempos me contou
sobre seu tio rico, solteirão, da sua condição de herdeiro, mas que o velho não
queria bater as botas. Sabendo que está precisando de muita grana, inclusive
para me pagar, e imaginando que não teria coragem para uma empreitada desse
tipo, resolvi lhe quebrar o galho por conta própria. Não lhe contei nada,
porque achei que não toparia. Foi então que passando um dia pela casa do seu
tio, para sondar o ambiente, vi você e ele
batendo o maior papo na soleira da porta. Aí me convenci mesmo, que você não
teria culhão pra empreitada e resolvi agir logo. Como sofro de insônia quando atravesso
a noite jogando, tenho em casa um estoque de Valium que tomo para dormir. Daí, até
chegar na frente do velho, foi mais fácil que imaginara: rua sem movimento,
grade fácil de pular, janela mais velha que minha avó, até o próprio dormia
mais que bicho preguiça. Mas fique calmo, não deixei pista nenhuma, me
certifiquei bem. Só não esperava essa m--- de testamento − saiu até em jornal −
devia estar mesmo gagá. Mas, agora que seu rico dinheirinho foi passear no
espaço, como fica sua dívida comigo? Minhas duplicatas vencem logo, você tem de
arrumar um jeito de me pagar.
−
Há males que vêm para bem! Responde Rui. O
susto de ser preso foi tão grande, que resolvi parar de jogar. Depois, arrumei
um bom trabalho: Vou ser o administrador da “Associação dos Astrônomos
Independentes”. Amélia será minha secretária. Dona Alzira continuará a servir o
chá com conhaque que passei a apreciar. Quanto a minha dívida, estamos quites,
pois vou lhe pagar com o meu silêncio: Você
morreu pela boca! A bituca que cuspiu no jardim, está na polícia esperando o
dono, prova indiscutível do assassino – esse Pedro se acha mais esperto que eu,
mas nem desconfia que estive lá antes.
−
Não pode fazer isso comigo, o que digo
aos credores?
−
Que procurem as duplicadas nos “buracos
negros” do universo. Para maiores informações sobre eles, podem se dirigir à Associação...
Nenhum comentário:
Postar um comentário