O ORADOR
SÉRGIO DALLA VECCHIA
Jânio era um professor de português que lecionava
com energia e empregava um vocabulário não usual aos seus alunos.
Sobre a língua portuguesa, história do Brasil e
política, ele escreveu vários livros.
Quando explicava um texto, os alunos silenciavam e
boquiabertos degustando cada palavra pronunciada. Havia uma mímica entre ele e
as frases. Ela gerava sons com nuances, pausas, exclamações e por vezes
expressões faciais.
Pelo seu estilo diferenciado a fama foi aumentando
e um convite para ingressar na política, surgiu automaticamente.
Os seus discursos para o povo eram ovacionados.
Fazia uso da palavra fome para atingir os seus eleitores da classe pobre, nivelando-se
com eles e assim obtendo os seus votos. Jânio também tinha fome de poder e os discursos eram tão inflamados que chegavam a
causar histeria nos comícios. Passava
até fome quando os comícios se
prolongavam noite a dentro, chegando por vezes a ficar agitado pelas horas sem
alimentação.
Dizia algumas frases polêmicas, tais como: “Fi-lo porque qui-lo”, “Bebo porque é liquido.
Se fosse sólido, comê-lo-ia”.
Assim ele alcançou o cargo mais alto da política garimpando
palavras e expressões contempladas no tesouro
do nosso extenso repertório e, o seu horizonte
fora alcançado com êxito.
Recebeu a chave do tesouro nacional enquanto a bandeira era hasteada sob um lindo horizonte azul.
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