O SONHO DE MARIA
Ledice
Pereira
Maria era uma
linda menina de fértil imaginação. Apesar de seus cinco anos era muito esperta
e independente.
Adorava recortar
figuras que ela mesma desenhava para colar nos cadernos, nos livros de sua mãe,
nos documentos de seu pai.
Vivia com uma
tesoura na mão.
Era só ver uma
palavra grande na folha de jornal que lá estava ela recortando.
Os pais tinham
que ter cuidado com seus pertences para não serem surpreendidos com o corte
certeiro daquela tesourinha traiçoeira.
Naquela noite, Maria
foi para a cama com sua amiga inseparável.
Logo adormeceu
cansada das aventuras vividas na escola e em casa. E sonhou.
Sua tesoura
adquiria uma forma humana e com ela conversava:
─ Sabe, não gosto desse nome que me deram. Parece
que só sirvo para estragar as coisas. Os
adultos vivem me escondendo das crianças e quando me veem junto delas gritam
logo “cuidado!”.
Eu gostaria tanto de ter outra utilidade, de ser
querida por todos, de não oferecer perigo, de poder estar sempre naquelas
pequenas mãozinhas que me adoram.
Se ao menos em vez de tesoura eu fosse um tesouro,
seria valorizado. Rico, respeitado, dourado. Viveria num lindo baú, dentro de
um charmoso castelo ou num daqueles navios maravilhosos que navegam daqui pra
lá e de lá pra cá.
Não seria mais esse instrumento cortante e nem uma
pessoa maledicente, como se referem a mim naquele danado dicionário.
Maria, ao
acordar, procurou por sua companheira e
achou-a jogada no chão. Sua mãe, ao entrar no quarto nada entendeu. A menina
conversava com a tesoura, enchendo-a de beijos e abraços enquanto lhe dizia.
─ Pra mim você é
o maior tesouro que pode existir no mundo!
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