A fé que cura
Angela
Barros
Naquela
noite de sexta-feira, véspera
de um feriado prolongado, cansado depois de uma semana exaustiva, sua fome era
por apenas umas horas flutuando nas nuvens, na varanda do seu apartamento, de
frente para o mar de Ipanema, tomando uma taça de vinho, tranquilamente.
No
dia seguinte, logo cedo iria viajar para Angra dos Reis. Lá estava ancorado seu novo tesouro, a lancha de trinta
pés, adquirida com o bônus por ter ultrapassado a meta do mês no hospital onde
trabalhava. Mas, ele estava ali, sentado na primeira fileira do auditório a
espera da palestrante do dia, Dra. Lucila Papadopoulos.
Carlos,
conhecera Lucila, no último
congresso de cardiologia que paticipara em Curitiba. A cardiologista, religiosa
fervorosa, trazia em seu discurso, um horizonte sem precedentes para o mundo médico,
uma janela para cura dos males do corpo
pela fé numa época em que a tecnologia é mais importante do que olhar e escutar
os males que afligem os pacientes.
O
doutor, até aquele dia da
palestra, cético no que diz respeito a religião, não acreditava na cura pela fé.
Eu disse não acreditava! Porque naquele dia, aquela médica de uma maneira que
até agora ele não sabe explicar, conseguiu que ele abrisse os olhos para um
janela de possibilidades de como lidar com pacientes em situações limite de
vida e morte, cuja sentença era apenas esperar a hora final.
Dra.
Lucila, com a calma das pessoas que sabem que a fé move montanhas, relatava alguns casos de pacientes
que passaram por situações de extrema debilidade nas quais a medicina não
conseguia um diagnóstico que levasse a cura, seja porque o vírus ou bactéria
eram resistentes aos medicamentos ou os exames as vezes não detectavam nada de
anormal mas, o paciente sofria em cima de uma cama de hospital.
Nesses
casos, a cardiologista aconselhava aos familiares: rezem, tenham fé, tudo é possível para o Deus Pai Todo Poderoso!
Todos nós temos nosso anjo da guarda disponível vinte e quatro horas por dia, só
para nos escutar e atender os nossos pedidos.
Enquanto aguarda a chegada da palestrante, os
pensamentos do jovem são levados para o dia em que no consultório da
cardiologista, tendo ao lado sua mulher grávida de oito meses, recebera a notícia
de que o filho, ansiosamente aguardado tinha uma má formação no coração e
precisaria ser operado ainda na barriga da mãe, caso contrário não
sobreviveria.
O
casal perdera o chão, era como se
um abismo se abrisse diante deles, não, aquilo não podia estar acontecendo! Por
quê? Por quê isso estava acontecendo com eles? Foram dias difíceis para o
futuro pai e para a mãe que precisou ficar em repouso absoluto.
Nos
dias que antecederam a cirurgia, Carlos, recebeu o apoio da colega e o
conselho: reze e peça para Ele
guiar minhas mãos quando eu estiver no centro cirúrgico, você verá que tudo dará
certo.
E
assim o pai aflito, todos os dias quando chegava no hospital para trabalhar, a
primeira coisa que fazia era ajoelhar-se na capela e orar por sua pequena família. No inicio sem crer muito no que estava fazendo.
Mas, com o passar dos dias, algo dentro dele mudou. Uma força tomou conta do
seu ser. Ali, sozinho, no dia da cirurgia do filho, ajoelhado aos pés do altar,
sentiu um manto de luz azul cobrir seu corpo e teve a certeza de que seus pedidos
seriam atendidos.
Ainda
absorto em seus pensamentos, de repente escuta: papai, papai! Levanta o olhar e
vê seu filho correndo em sua direção.
A mãe, sem conseguir segurar o filho, vem logo atrás. Mas, ele já está nos braços do pai. Lágrimas
correm dos seus olhos ao ver a cena.
Desculpe,
querido. Eu não poderia deixar de
vir hoje para agradecer mais uma vez à mulher que salvou nosso filho.
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