Recordação
Maria
Amélia Favale
Um
dia minha irmã e eu, sentadas no degrau de uma escada, brincávamos jogando “Cinco
Marias”. Minha mãe chegou pé ante
pé, nem vimos, e nos pegou em flagrante. E com tapinhas de mãe que não doem,
mandou que fôssemos fazer as obrigações do dia. Geralmente tínhamos alguns deveres
como lavar a louça do café da manhã sem reclamar, claro. Saímos correndo.
Fizemos o trabalho como ela sempre exigia. Depois, já que estávamos livres, resolvemos
subir no pé de laranjeira, que estava carregada. Era lindo ver as frutas
amarelas. Por azar, escorreguei, cai e torci o tornozelo.
Minha
mãe ficou muita preocupada me vendo mancar, pegou um unguento para torcedura e
massageou. Mãe é mãe! Até hoje ainda sinto o cheiro do remédio. Depois me
beijou, pediu para eu ser menos arteira, não (trepar) em árvores.
Minha
infância trás recordações, a maioria agradável. Éramos cinco irmãos. E ficaram
marcadas na memória as brincadeiras que minha irmã e eu, com diferença de
dois anos, realizávamos o dia todo.
Na
época estudávamos em escola publica, que era conhecida como Grupo Escolar, íamos
acompanhadas pelo irmão mais velho.
Dulcineia,
minha irmã estava com cinco anos, ela foi matriculada no colégio de freiras. O
nome dela foi escolhido de um romance de Alexandre Dumas. Enquanto eu Maria Amélia
foi retirada das avós maternas. Meu irmão Edmundo também foi lido num romance.
Minha
mãe na adolescência não foi á escola. Nos anos de 1900, moças não saiam de
casa, somente acompanhadas. Mas, o pai dela fazendeiro muito próspero, resolveu
contratar um professor particular. E Alice, minha mãe, passou a adorar ler
romances, tanto que adotou os nomes dos protagonistas para os filhos.
O
que ficou marcado na traquinagem da infância, e até hoje lembro muito
bem, era a atenção que nossa mãe nos dispensava.
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