A REVELAÇÃO DO AMOR - Carlos Cedano

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A REVELAÇÃO DO AMOR
Carlos Cedano

Ela nunca conseguiu esquecer Fernando, já tinham-se passado mais de vinte anos desde que ela, devido à imaturidade  dos dezesseis, acusou Fernando de trai-la com sua melhor amiga. Foi só uma suspeita, mas irrefletidamente e sem nenhuma prova reagiu negativamente com a mesma intensidade de sua paixão! Naquela ocasião sua mãe lhe perguntou:

— Você tem certeza da infidelidade de Fernando, minha filha?

— Absoluta mãe! Eu o segui e o espreitei por trás de uma árvore da praça. Era ele, era ele sim! Enfatizou Madalena, e o vi conversando com Hermínia.

Em vão os amigos e familiares tentaram convencê-la do erro, mas ela persistiu na sua versão, os amigos chegaram à conclusão de que estava obcecada e não queria encarar os fatos nem mesmo quando soube que naquele dia Fernando tinha estado fora da cidade. Ela o maltratou, não pediu desculpas nem o deixou explicar-se! Foi isso e muitas outras coisas que Madalena escutou dos amigos, mas não deu o braço a torcer. O resultado foi o afastamento deles e Madalena ficou só com sua própria “certeza” que beirava a loucura!

Os anos passavam e Madalena sublimando sua dor conseguiu estudar, inteligente ela era e na sua firma conseguiu destacar-se como uma brilhante profissional! Ela era referência para seus subalternos e colegas que a admiravam e também a temiam, era brava diziam, embora não escapasse para muitos que no fundo dessa aparente dureza se escondia um grito de socorro!

Quando fez quarenta anos a diretoria decidiu homenageá-la em reconhecimento a sua decisiva contribuição para o sucesso da empresa, seria uma homenagem e tanto e estariam além dos chefes e funcionários da firma, personalidades do mundo dos negócios onde Madalena gozava de muito prestigio e admiração. O que para muitos seria uma noite gloriosa com muitos convidados, muitas homenagens e muita admiração, para ela essa festa ainda tinha um “toque” de fel!

Madalena olhou para os convidados e um deles atraiu sua atenção, era Robert, um senhor de media idade com traços de estrangeiro, bem apessoado, porte atlético e muito seguro de si mesmo. Seus olhares se cruzaram durante uma fracção de segundo e muitas coisas foram “ditas” sem que as palavras aí tivessem lugar! Pela primeira vez, depois de mais de vinte anos, Madalena sentiu o desejo de saber quem era o homem, esse homem! E isso não seria foi difícil, pediu ajuda a seu assistente Raul e o fez jurar de manter o segredo de seu pedido.

A resposta veio rápido, dois dias depois, Raul fez-lhe um relato breve e objetivo:

— Ele se chama Robert Martens, é holandês, viúvo e  fotógrafo além de arquiteto, trabalha para galerias europeias e agora, disse Raul, prepare-se para uma surpresa, ele pediu uma entrevista com você Madalena e disse que explicaria o motivo pessoalmente.

A entrevista se realizou dois dias depois. Nesse dia Madalena estava particularmente linda e mal conseguia disfarçar suas emoções, parecia uma adolescente. Com educação e sobriedade Robert lhe disse que tinha sido contratado por uma famosa revista e um pool de galerias para tirar fotos das dez mais promissoras mulheres no mundo dos negócios, na relação que tinha estava seu nome: Madalena Reis.

Numa extensa conversa Robert explicou com detalhes e tranquilidade os objetivos do projeto, o principal deles era divulgar a vida dessas mulheres empreendedoras através de um registro fotográfico e mostrar como conciliavam as exigências profissionais com as relações familiares, com as atividades de lazer e a convivência social.

Foi no processo de realização das sessões fotográficas que Robert e Madalena foram conhecendo-se, ele com uma habilidade notável conseguia as expressões e os ângulos mais belos de Madalena nos diferentes contextos das fotos. não economizando material nem tempo, e quando não ficava contente com os resultados pedia a Madalena com delicadeza e bom humor para repetir as fotos. Madalena assentia com boa disposição, coisa rara, e até começava a sorrir com mais frequência.

Quinze dias alternando sessões de fotos e trocando opiniões sobre quais fotos deveriam ser selecionadas para a revista, foram abrindo-se os corações e quebrando-se resistências que, particularmente no caso de Madalena, parecia ter bloqueado algo muito bonito que dormia dentro dela! Faltando quatro dias para concluir o trabalho Robert convidou-a para jantar.  

Às vinte horas Madalena entrou no restaurante atraindo olhares de homens e mulheres, ela estava linda e seu rosto irradiava felicidade. Em um canto discreto do restaurante estava Robert que veio ao seu encontro com um maravilhoso buquê de rosas vermelhas dizendo simplesmente: Você é uma rainha! Ela agradeceu e aceitou a cadeira oferecida por ele.  


Com inspiração de um delicioso champanhe conversaram de coisas que ambos ansiavam, mas nunca se soube do que falaram, deve ter sido de amor e paixão por que dois meses depois estavam casados, morando ninguém sabe onde!

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