APRENDENDO NA ESTRADA COM O BICHO PREGUIÇA
Oswaldo
Romano
Um
congestionamento de três quilômetros na serra da Rodovia Oswaldo Cruz, deixou
centenas de motoristas irritados.
Infelizmente eu
estava entre eles. Triste porque na Rodovia Rio Santos, nos cem quilômetros que
percorremos na baixada, era alegria, cantavam acompanhando canções de Roberto
Carlos.
Quando chegamos na rotatória de Ubatuba,
era hora de decidir: seguir para Cara, ou subir a linda e terrível serra via
Taubaté. Resolvemos subir a serra. Comendo umas bananinhas ouro, vendidas nas
modestas barracas, depois de passarmos um fusca quebrado, motivo do
congestionamento, pude acelerar até vinte, o máximo permitido. Deu para um pequeno
respiro. Pequeno porque na curva em que está a Santa Cruz, trecho que pede
respeito, fui eu quem de novo parou o transito. Liguei os piscas, abaixei o
vidro, abanei a mão.
O carro de trás, certamente um dos irritados, deve ter
pensado: esse cara aí, com esse carrão inglês, não aguenta esta subida? E quase tinha razão. Não aguentei foi a emoção
de ver cruzando a pista lentamente, quase flutuando, sem dar qualquer
importância ao trânsito, um bicho preguiça. Acionei várias vezes o farol para o
carro que vinha descendo.
Lá atrás
estourava um buzinaço. Infelizes,
deixaram de aprender uma das mais importantes lições da vida.
As palavras, calma, calma que ouviram até
hoje, entraram de um lado e saíram do outro.
Fiquei absorvido olhando aquele animal que achei movido pela
maior inteligência do mundo. Absolutamente sem pressa, tinha tempo de pensar,
não cometia erros como nós, e quando cometia era invejado, respeitado e
admirado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário