A MALDIÇÃO DOS BRAGANÇA
Oswaldo
U. Lopes
Devíamos dar graças a Deus de nossa
história imperial. Tivemos só dois imperadores de modo que a gurizada não se
esfalfa de decorar nome de reis e princesas.
Para os pequenos portugueses (eles lá os
chamam de putos, sem nenhuma conotação desmerecedora, latim legitimo e
português castiço), a coisa é triste. Ela começa nos anos 1200 e vai longe com
várias casas reinantes, interferências espanholas e por ai caminha a história
dos coirmãos.
Quem dentre nós tem ideia de quem tenha
sido D. Sebastião, O Desejado, e olha que ele aparece na historiografia
brasileira e não tão marginalmente assim. Tendo desaparecido na batalha de Alcácer
Quibir em 1578, na África, levou com ele a dinastia de Aviz e a independência
de Portugal. Dai nasceu o mito do desejado ou do Sebastianismo que se fez
presente no Brasil, na guerra de Canudos. Entre outras coisas o movimento de
Antônio Conselheiro acreditava no retorno de Dom Sebastião para restaurar a
monarquia.
Dessa enorme confusão da qual escaparam
nossas crianças de ter de estudá-la, resultou a anexação de Portugal à Espanha,
sendo por isso o Rei Felipe II desta ultima, conhecido como Felipe I de
Portugal o que daria aos reis de Portugal a terceira dinastia. Daria, leste
bem, porque se você se defrontar com um português mais estudado e bravo (eu sei,
bravos todos são, mas há os que me valha Deus, são da pá virada) e mencionar o
rei Felipe I de Portugal, vai ouvi-lo falar com voz forte, raivosa e solene que
Portugal nunca teve um rei desse nome.
O entrevero custou a se resolver e quem
o fez foi o Duque de Bragança que passou à história como D. João IV, O
restaurador, já que foi ele quem restaurou a independência de Portugal e deu
origem a quarta dinastia, a dos Bragança que por sinal foi a ultima.
Parece que foi um excelente rei, mas
tinha lá seus momentos de mau humor, conta a lenda que numa saída de missa,
importunado por um frade franciscano que pedia esmolas, deu-lhe uns pontapés, não
foi boa ideia. O tal frade rogou então uma maldição pela qual nenhum
primogênito dos Bragança chegaria ao trono. Dito e feito.
Só para lembrar os mais chegados a nossa
história, D. João VI não era primogênito, nem seu filho Pedro I nem o filho
deste Pedro II. Todos tiveram irmãos mais velhos que morreram na infância ou o
que é pior, já mais velhos. Como vemos hoje na casa Real Inglesa, prepara-se
melhor o herdeiro do trono, sendo seu irmão mais chegado às aventuras. D. Pedro
I de certa maneira, embora tivesse boa educação, não foi preparado para herdar
a coroa, embora ainda fosse menino quando seu irmão mais velho morreu, a
tristeza desse fato e a sombra da maldição corroboraram para que ele tivesse
uma educação mais solta, por assim dizer.
Seu irmão o herdeiro presuntivo morreu
aos seis anos o que o tornou de imediato herdeiro da coroa. Ele, alias, foi não
só imperador do Brasil, como rei de Portugal. Lá é conhecido como D. Pedro IV.
A morte do irmão fez certa diferença. Gerou certa tolerância para com estroinices
do jovem príncipe. Este país tropical
que tão bem conhecemos também teve lá sua importância nos modos um pouco
libertinos do jovem príncipe.
Se você não acredita nessa maldição, D.
João VI a D. Carlota Joaquina acreditavam e faziam visitas periódicas aos
mosteiros franciscanos de Lisboa e Rio de Janeiro. Não é por outra razão que
todos os primogênitos que morreram no período monárquico brasileiro estão
enterrados no Convento de Santo Antônio de frades franciscanos.
Você vai argumentar que houve exceções,
de fato houve, a mais conhecida e a de D. Carlos I primogênito do rei D.Luis I,
escapou da maldição, tornou-se rei, mas foi assassinado juntamente com seu
filho mais velho D. Luís Felipe em 1908 o que pôs fim a monarquia em Portugal.
Escapou na data errada.
Alguns dizem que a maldição continua e
fazem as contas levando em consideração os que renunciaram ao título os que
ficaram loucos e por ai afora. Moral da história não se deve tratar aos chutes
qualquer franciscano que encontramos ao sair da igreja.
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