METÁFORAS ORA DIREIS OUVIR METÁFORAS - Oswaldo Lopes

                                   

                                   METÁFORAS ORA DIREIS OUVIR METÁFORAS
Oswaldo Lopes
                                                                                                                                                                                                                                     
Metáfora é como Plebiscito, só se resolve na tranqüilidade do quarto, com chá de camomila e dicionários. De regência, de estruturas, de figuras de linguagem ou de palavras mesmo. Isso já nos   ensinava Machado de Assis.

Era forte como uma porta, não vale, é comparação. Maldição!
José é uma porta. Agora é metáfora só que ele pode ser surdo, forte, estreito etc.

Boa metáfora era a do jogador de futebol americano que jogava na defesa dos 49º de Chicago e era chamado simplesmente de refrigerator. Se chamássemos José de armário a coisa se estreitaria e ficaria mais clara e ainda assim metáfora. O famoso refrigerator dos 49º com o enchimento usado para a prática do tal esporte, sobretudo o de ombros ficava igualzinho uma geladeira.

Acredite-me, as metáforas não caem do céu é preciso procurá-las. Como são muito usadas pelos poetas convém procurá-las entre os poetas. Bem, aí não tem jeito o melhor lugar é a Bahia. Se fossemos procurar entre humoristas aí o lugar era Rio de Janeiro. Cronistas, vá para Minas Gerais.

O que tem na Bahia, além de grandes poetas, de especial: o ritmo.
É costume reconhecer na Bahia quatro ritmos:

- Lento
- Mais lento
- Muito Lento e
- Dorival Caymmi
Não tem metáfora, mas se você diz, de um sujeito que perto dele Dorival Caymmi  era um foguete, apareceu a metáfora e a pessoa deve ser lenta que dói.

Dizem as más línguas que o melhor exemplo de um ritmo Dorival Caymmi é aquele do sujeito deitado na rede que fala (na Bahia não se grita, gritar é coisa de apressado):

- Minha deusa!
- Sim, meu Rei!
- Tem soro antiofídico na geladeira?
- Sim meu Rei, por quê?
- A cobra tá chegando perto da rede.

Antes que um tsunami seja desencadeado pelo texto e os defensores da Bahia comecem a procurar um poste para me erguer, gostaria de esclarecer que Dorival Caymmi era um poeta genial e músico extraordinário que nos deixou inúmeras canções, com versos que nos enchem o espírito de amor, espanto e... metáforas

- João Valentão.... faz coisas que até Deus dúvida
- A jangada saiu com Chico, Ferreira e Bento e.... a jangada voltou só
- 365 igrejas na Bahia têm
- é doce morrer no mar.....fez sua cama de noivo no colo de Iemanjá

Por tudo que nos deu e legou Sr. Dorival Caymmi, descanse na paz, no amor e no doce remanso do mar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário