O GRANDE PRÊMIO
Ledice
Pereira
Naquele sábado de abril, em meados da
década de sessenta, o grande acontecimento que reuniria a fina nata paulistana
era o Grande Prêmio Brasil, que aconteceria no Jockey Clube de São Paulo.
As mulheres vinham preparando suas toilettes há alguns meses, recorrendo às
grandes modistas da época: Madame Boriska, Madame Rosita, Madame Georgina ou a
costureiros ilustres como o famoso Dener Pamplona de Abreu.
Cada uma queria se sobressair mais do que
as outras.
Os
chapéus de aba larga que imperavam nessas ocasiões competiam entre si em
tamanho, modelo e cor.
Aos poucos, iam tomando lugar na tribuna de
honra, cumprimentando-se efusivamente para serem notadas. As longas luvas
combinando com o traje.
Todos estranhavam a ausência do senhor e
senhora Rubens Cardoso de Albuquerque e Silva, quando alguém apontou aos céus e
todos olharam surpresos para um helicóptero que pousava a uma pequena distância
dali, trazendo o tal casal que, com ar vitorioso, deslocava-se para o lugar a ele destinado.
Ela trajando lindo tailleur de seda rosa claro sendo trazida, em grande estilo, por
ele no seu terno branco de linho e chapéu de Panamá.
Recebidos entre falsos sorrisos e torcidas
de nariz, sentaram-se quando a corrida de cavalos se iniciava.
Embora não tenham acertado o número do
cavalo ganhador, saíram sentindo-se vencedores pelo impacto que causou a chegada triunfal, que certamente provocou inveja generalizada nas fúteis senhoras e em
seus ilustres maridos.
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