INFIDELIDADE
À PROVA
Sérgio Dalla Vecchia
Felipe Gomes era um rapaz bem-apessoado. Pertencia
ao corpo da guarda especial de D. Pedro I, então imperador do Brasil.
O imperador mantinha um caso de extrema paixão com
Domitila, mulher separada de um alferes, com quem teve três filhos.
Para agradá-la concedeu-lhe o título de Marquesa de
Santos, aproveitando a ocasião para provocar José Bonifácio, que pertencia a
uma família santista. Ele era considerado um inimigo político e adversário de
Domitila.
Em 1827, presenteou-a também com um belo casarão
nas proximidades da sua antiga casa, hoje Museu Nacional do Rio de Janeiro.
Dos seus aposentos, D. Pedro I podia avistar o
casarão, pois ciumento que era, tentava controlar a vida da sua amada.
Entretanto o ciúme o corroía, tamanha era a paixão
por Titila (era assim que carinhosamente a tratava).
Inseguro da sua fidelidade, chamou o guarda Felipe
Gomes à sala imperial e deu-lhe a incumbência de se infiltrar no casarão de
Domitila e espionar os seus atos.
Assim o fez Felipe, com muito jeito e simpatia,
logo foi conquistando as damas da casa.
Com a amizade e confiança adquiridos em meio a
corte, não foi difícil insinuar sobre possíveis atos de infidelidade.
Insinuou por várias ocasiões, mas as respostas eram
unânimes em relatar a ilibada conduta da Marquesa.
O sucesso de Felipe na corte era notável, era
assunto em todas as rodas das conversas femininas.
Tanto era o falatório que Domitila quis saber com
as moças, o porquê de tanto assanhamento.
Logo soube dos predicados do jovem guarda e o
convidou para uma conversa em seus aposentos.
Felipe bateu à porta, que logo foi aberta por
Domitila. Ela estava linda e os olhares recíprocos foram fulminantes. Iniciaram
um romance instantâneo e voraz. Foi a única traição da Marquesa, desde que havia
se apaixonado pelo Imperador.
Assim na ânsia de se precaver de uma traição, o
galante Imperador acabou dando mais um grande mimo à Titila.
O melhor
homem da guarda imperial!
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