ELI, ELI LAMMA SABACTANI?
Mt 27,46
Mc 15, 34
Salmo 21, 2
Oswaldo
U. Lopes
Lembrei-me
das terríveis e dolorosas palavras de Jesus na cruz, reportadas por dois dos
evangelistas e provindas do Salmo 21, ao deparar com a fotografia de um homem
que, vitima da guerra química na Síria, perdeu toda sua família, mulher e
filhos e carrega nos braços os corpos mortos de seus gêmeos ainda bebes.
Digamos que a profissão e o trabalho
fizeram com que me acostumasse e enfrentar realidades, enfermidades e coisas
muito difíceis de ver e aceitar. Por motivo profissional, muitas e muitas
vezes, fechei os olhos e consegui fazer o que era devido em favor do próximo
que ali estava.
Mas, a foto é mais forte do que todos os
meus sentimentos e atuações no passado. Não há nada que eu possa fazer
contemplando aquele homem com os cadáveres nos braços.
De
profundis, das profundezas está escrito num outro Salmo, clamei a vós
Senhor. É lá das profundezas que a única palavra que me vem à boca é:
─ Meu Deus, Meu Deus, porque nos abandonaste
nesta hora?
Como acreditar em Ti e nos Teus
desígnios vendo um sofrimento tamanho e sem fim. Que crime cometeu aquele homem
para ter de carregar os corpos de seus filhos daquele jeito. Que maldição
lançastes sobre nós? Que ofensa cometemos para merecer tal castigo?
Eli, Eli não nos leve ao extremo da
blasfêmia. Não nos obrigue a duvidar de Tua existência quando vemos tanta
maldade e iniquidade.
Não consigo crer que essa seja Tua
vontade. Cansastes de nós? Que outro
padecer está nos reservando?
É certo que nos abandonastes, eu só
queria saber por quê!
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