ITALIANI IN BRASILE - Oswaldo U. Lopes

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ITALIANI IN BRASILE
Oswaldo U. Lopes

        Embora bem documentada e estudada a imigração italiana para o Brasil é ainda um objeto de lendas e histórias não comprovadas.

        Poucos sabem ou se interessam em saber que o grande contingente da imigração italiana no século XIX veio da região chamada Venetto que por sinal não guarda relação com a cidade de Veneza.

        A situação politica e territorial na Itália, após a unificação que ocorreu em 1870, foi de extrema confusão e de extrema pobreza. Um pequeno exemplo pode ajudar nesse entendimento:

        Por causa das características do fim do Império Romano e do surgimento de vários reinos, na península itálica consolidaram-se as cidade-estado. Cidades de maior importância econômica numa dada região se tornaram sede de um poder regional, dando origem a ducados ou até republicas (como Veneza). Com a unificação elas foram englobadas em áreas maiores resultando nas províncias como as conhecemos hoje.

        Quantos sabem, a região onde está Nápoles se chama Campania e que é de lá que veio o segundo maior contingente de imigrantes da península. Ou, ainda são surpreendidos quando numa entrevista a BBC o tenor, Andrea Bocelli afirma que além do inglês, que fala notavelmente bem, também fala o toscano.

        Maledetto, por que não diz que fala o italiano? Porque, quando da unificação, a língua falada em Florença e por extensão na Toscana, foi confirmada como a língua oficial da Itália. Muitas foram as razões que levaram a isso. Dante foi uma delas, mas vários dialetos, certamente mais usados que o toscano, ficaram de fora. Caso do Talian falado no Venetto e muito encontrado no sul do Brasil.

        Na cidade de São Paulo, os imigrantes italianos se concentraram, no inicio no bairro do Brás. Esse bairro que segundo uns teve origem no dono de uma chácara, o português José Brás, constituiu-se em torno da Igreja do Bom Jesus de Matosinhos, ainda hoje existente na Av. Rangel Pestana. Basta a existência dessa igreja e dessa devoção para ter certeza das origens lusitanas do bairro.

        Os emigrantes italianos foram chegando e se reunindo, claro, segundo a origem. Os napolitanos (Campania), na Rua Caetano Pinto onde ergueram a capela de Nossa Senhora de Casaluce e com isto deram origem a mais antiga festa típica italiana, ainda no século XIX.

        Os bareses, provindos da cidade de Bari (Puglia) se concentraram numa rua que hoje leva o nome de sua cidade de origem Polignano a Mare onde esta a Igreja de São Vito Mártir. Para não deixar o nível de desordem baixar o Santo é siciliano. As festas de São Vito ocorrem no mês de maio e são as únicas que se realizam num recinto coberto.

        E os calabreses? Habitavam também o Brás, e lá vem mais confusão, porém sua igreja tradicional fica no Bixiga e é a de Nossa Senhora Aqueropita. Também eles organizam festas tradicionais com pratos típicos italianos. Quem acha que as verdadeiras mamas italianas não mais existem precisam ir a uma destas festas e ver como elas trabalham e a qualidade da comida que produzem.

        Uma última curiosidade em torno desse nome Aqueropita (A-kiro-pita), ele esta ligado a uma igreja na cidade de Rossano na Calábria e remonta ao ano 580 e a pintura de um quadro da virgem com o menino que misteriosamente feita de dia, desaparecia à noite. Uma vez uma jovem senhora pediu para entrar na igreja, no período noturno, tendo no colo um menino. Na manhã seguinte encontraram uma linda pintura, agora indelével, retratando a Virgem com o menino, e que não fora pintada a mão.

A = negação

Kiro = mão grego. Lembremo-nos de que a região ao sul da Itália era conhecida como Magna Grécia.

Pita – Pintar.


Aqueropita = não pintada à mão.

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