PASSÍVEL
SEPARAÇÃO
Oswaldo Romano
Roberto, depois de oito anos de casado,
não aguentando mais as desavenças do lar, toma uma decisão. A próxima briga
seria a última.
Não demorou, aconteceu. Foi para seu
quarto, como sempre fazia. Só que desta vez voltou trazendo consigo uma maleta
com algumas roupas, e uma sacola com calçados. Sem nada mais dizer, saiu pela
porta da frente batendo os pés no capacho.
Essa atitude é aquela que demonstra:
daqui não levo nem poeira. Foi para o Hotel Maksoud, deu entrada, acomodou-se
numa suíte. Sentou-se na cama, apoiou o rosto entre as mãos, enfurecido bufava,
expelindo as baforadas da raiva que carregava. Abriu o frigobar, tomou um gole,
caiu na cama, adormeceu com a roupa do corpo.
Manhã seguinte, num estado de depressão saiu
pelos corredores. Visitou salas, foi até a piscina, vendo-se no espelho d’água,
pensou:
— Bem que aquela sombra refletindo, ondulando
a água poderia ser realmente ele. Era um meio de resolver rapidamente todos os
seus angustiosos problemas. Nesse momento estava convencido. Foi para o quarto,
pedindo para si bom senso. Bom senso também seria avaliar seus pensamentos
desordenados.
Dando tempo ao tempo, saiu pela Av.
Paulista, com as mãos nos bolsos. Essa atitude livrava-o de um andar mais
rápido e dava-lhe segurança. Segurança relativa porque no hotel tinha do bom e
do melhor e no quarto, uns goles para ruminar desavenças e esquecer a piscina.
Mas, ainda transtornado não deixava de
visita-la. Dois dias se passaram quando verificou que está completamente sem
dinheiro! Um novo fator de reflexão. Sabia que conforme a atitude que tomasse
esse novo fato podia ser contornável.
Sabia que enquanto hospedado no hotel
ninguém o incomodaria. Assim, dando tempo ao tempo, esmaecido resolveu: Tomou
coragem. Ligou para sua mulher.
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