COMPRANDO PRESENTES
Oswaldo
Romano
Uma viagem no exterior?
Só essa lembrança nos leva a uma emoção
diferente. O pensamento navega para Roma, Madri, Paris, Viena.
Desta vez a nossa decisão foi outra. Cilene
devia apresentar no seu currículo um trabalho sobre o México. Mais precisamente
sobre a cidade de Mérida do Estado de Yucatán. Falar da vivência dos Maias
entre os, descendentes dos espanhóis.
Sendo o remanescente do maior reduto
dos Maias, na cidade além do Espanhol, falam-se, e são oficializadas algumas de
suas línguas, como Quéchua e a Nahuatl. Valeu a viagem, segundo Cilene tudo que
procurava, ali encontrou.
Claro que aproveitamos, rodamos
apreciando cidades, construções históricas. Os espanhóis fizeram questão de
destruir o passado e da sua literatura pouca coisa sobrou. Sobrou o que estava
incrustado em material sólido como nas pedras e os relevos em blocos de argila.
Seguindo em direção a Cidade do México,
fomos convidados a conhecer um híbrido, segundo eles, existem só dois deles no
mundo. Um filhote do cruzamento de Zebra com Jumento! Além das características
das orelhas grandes, focinho e estatura do jegue, suas pernas até a barriga são
zebradas. Valeu uma tequila. Passamos dois dias em Acapulco e voltamos à
populosa Cidade do México.
Cilene foi conhecer a Feira de Lembranças
montada num galpão próxima ao hotel onde aconteceu o seguinte: Muita gente,
muitas quinquilharia, incrível ensurdecedor rumor de falas. Ela, junto a uma
banca escolhia presentes. Ao seu lado uma típica Maia a incomodava. Encostando,
muitas vezes curvava-se sobre a banca. Cilene, virando-se com seu olhar bravio
repreendeu a mulher. Esta irritada saiu, afastando-se. Cilene espantada viu que da sua
bolsa só tinha a alça no ombro. Viu também que a alguns metros na direção
tomada pela mulher ela ia juntar-se, como o fez, a um homem de cabelos brancos que
seguia com a bolsa parcialmente coberta com um agasalho. Não teve duvida, foi
sobre ele como uma fera e aos gritos chamando a polícia, tomou o que era seu.
Voltou para o lugar que vinha separando
suas compras. Para pagá-las abriu a bolsa, levou o maior susto. Tinha dinheiro,
peso mexicano, dólares, carteira. Nada que era seu. Cilene não levava valores
nesse tipo de bolsa e sim num cinto especial.
Assustada pagou sua compra e saindo largou
aquela bolsa sobre a banca, antes que a prendessem. Tinha percebido muitos seguranças
a paisana. A dona da banca apanhando a bolsa chamava: senhora! Senhora! Levantando-a
gritava: dona, dona, dona.
Só, e em outro país, estava com uma calça
jeans rasgada, pronta para escalar a pirâmide, cabelos sem trato, uma aparência
não muito boa. O melhor foi se mandar dai para o hotel, na maior pressa.
*
Eu que a esperava, vi que estava
assustadíssima. Ai perguntei:
— O que aconteceu? Fala, fala logo...
— Vou mudar minha redação sobre os Maias.
Eu roubei! Fui roubada! Acho que fui seguida. Avise a portaria... Sei lá...
Ouvindo isso, antes dos esclarecimentos,
imagine como fiquei!
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