NAMORADOS DESLUMBRADOS - Oswaldo Romano

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NAMORADOS DESLUMBRADOS
Oswaldo Romano      
                                                               
        Clóvis, que assinava Clóvis Diniz, tirando proveito do seu nome vestia-se como um importante jovem, roupas de grife falsas, naturalmente etiquetas que manchavam.        Adquiridas nas imediações da Estação da Luz, procurava mantê-las limpas porque, lavando-as, teve antes uma triste experiência.

        Seu cabelo era o chamado cabelo bom, volumoso, alguns caracóis, soltos ao vento. Posando de filho rico intensificou suas idas às baladas, chegando sempre mais tarde, modo habilidoso de mais garotas o notar.

        Tinha facilidade de iniciar amizades. Não precisava se esforçar muito, seu nome já havia corrido entre elas.

        Dulce, uma morena bonita, muito bem produzida, destacando-se entre as demais, com ele trocavam olhares. Outras meninas chegaram muito mais fáceis. Diniz valorizando-se, já tinha elegido aquela morena que demonstrava cultura, fino trato, certamente de uma família abastada.

        O interesse mutuo fez com que logo estivessem juntos. Corria no salão a destacada riqueza dos Diniz, coisa que Dulce procurava ha tempos, tendo como arma  sua beleza. Mas, não tinha nada mais para oferecer. Caso viesse de um lar pobre, mas digno, poderia ser perdoada pela mentira. Acontece que era uma caçadora de dotes, oportunista, com vários golpes a serem esclarecidos. Na verdade seu único bem era uma semovente gata.

         Fez ver ao Diniz que seus pais não permitiriam seu namoro sem uma referência a altura deles, fazendeiros de café na Zona da Mata.

        Diniz viu sua grande oportunidade de tirar o pé da lama. Só precisava encontrar um álibi convincente, que o faria ser um proeminente membro da famosa família. Depois o mais provável lance era ficarem e emplacar uma gravidez.

        Ajudado por um amigo, montou um encontro no salão estando juntos, em que deveria além da surpresa, perguntar pelos seus pais. E aconteceu, recebendo em resposta:

        — Há algum tempo, papai e mamãe estão ocupando nossa casa em Lauderdale, aquela do Croissant Park em Miami.


         — Ah, maravilha amigo. — Bonita é sua namorada, hem! Olhe, quando você for para Lauderdale visita-los, quero ir também. Tenho saudades dos meus padrinhos. Bem, perdão, mas já estava saindo. Alguém me espera. É a vida, amigo. É a vida.

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