TRÊS EM UM
Carlos Cedano
Alberto e Marisa eram considerados um dos casais
mais felizes na vizinhança, além de bem integrados no bairro, eles
especialmente, se complementavam muito quanto a seus gostos e valores.
Coroava a felicidade dos esposos um belo
menino que na época contava com oito anos de idade. Eduardo, além de possuir uma
inteligência notável, também era um agudo observador de coisas e pessoas.
Mas, quando Eduardo estava entrando na adolescência
seu pai morreu de um infarto fulminante. A consequência mais triste do episodio
foi uma notória mudança no comportamento do menino que se manifestou numa
postura de introversão acentuada. Quase não falava com ninguém, não tinha
amigos e gostava ficar mergulhado nos livros longe de toda atividade normal para
a idade de um adolescente. Marisa era a única pessoa que podia conversar com
ele e nem sempre por longos períodos. Esta situação deixava a mãe num estado de
permanente angustia.
Passaram alguns anos, Eduardo fez a
faculdade de direito na mesma época que sua mãe conheceu seu primeiro pretendente. Marisa estava receosa quanto à reação de Eduardo e conversou com
ele que lhe disse:
— Mãe vai em frente que eu estarei sempre
perto para te proteger.
Esse primeiro namoro não deu certo, o
pretendente, um argentino, desapareceu três messes depois e nunca mais se soube
dele. Um segundo namoro seguiu o mesmo caminho. Com os dois pretendentes Eduardo
tinha tido um relacionamento cordial,
porem sem permitir muita intimidade.
Quanto a Marisa, essas duas experiências a
tinham deixado um pouco insegura e ressabiada, mas como era uma mulher de
caráter, aos poucos começou a sair. Inicialmente só com amigas, depois aceitou
um convite de uma delas para passar uma semana em sua fazenda do interior de
São Paulo. Durante essa semana conheceu muita gente, foi a muitos churrascos e
rodeios. Em um dos churrascos um fazendeiro chamado Mario Palma teve gentilezas
que a impressionaram. Simpatizaram imediatamente e a atração entre eles foi se
acentuando a medida que mais se conheciam. Isso deixava Marisa muito feliz.
Quando seu Mario conheceu Eduardo também simpatizaram
e estabeleceram uma relação amigável que se consolidava com cada novo encontro.
A mãe percebeu a mudança no comportamento
de seu filho e perguntou-lhe sobre essa mudança já que ele tinha sido tão
distante com seus outros dois pretendentes.
— Mãe - respondeu o filho - Eu disse pra
senhora que sempre a protegeria e cuidaria. Lembra?
— Sim, meu filho - eu me lembro.
Eduardo continuou:
— Seus três pretendentes foram devidamente
investigados, com ajuda de Fernanda, aquela promotora que trabalha comigo e que
você já conhece.
— E o que vocês descobriram? - Perguntou a
mãe, ansiosa por saber dos resultados. — Bem minha mãe - respondeu o filho - Dois
deles não prestavam além de serem perigosos, um tinha se apoderado do dinheiro
e propriedades de mais de sete mulheres, se fazia passar por argentino mais era
gaúcho. O outro do interior de Minas Gerais era um conhecido lobista que tinha
várias empresas de fachada que as usava para “lavar dinheiro”. Mas não se
preocupe minha mãe os dois já estão na cadeia e deverão ser condenados a longas
penas. Aqui, entre nós minha mãe, o único que presta é seu Mario, o
investigamos detalhadamente e foi “aprovado com louvor” - disse rindo Eduardo. Marisa
exultou, gostava verdadeiramente de seu Mario.
Uma semana depois, realizou-se uma reunião
em casa de Marisa. Motivos para tal reunião? O primeiro era que seu Mario pediria
formalmente a Marisa para casar com ele. Foi aceito. O segundo, Eduardo comunicou que casaria com
Fernanda no próximo mês não somente porque a amava muito mais por que também
que era inevitável apressar-se. E terceiro motivo, o da pressa, Fernanda estava
grávida de sete messes de um casal de gêmeos.
Três noticias maravilhosas numa noite só. Marisa
chorou de alegria e no meio de seu êxtase percebeu que a vida a estava
compensando plenamente.
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