UMA JOVEM DE CARÁTER
Carlos
Cedano
Said
Fuad saiu do Líbano há 30 anos e chegou em São Paulo. Veio com sua mulher e
três lindas filhas. Tinham muitos parentes aqui e por isso a adaptação foi
relativamente fácil. Esta vantagem também facilitou o sucesso nos negócios. A
família era unida e trabalhadora e logo conseguiram instalar uma loja grande na
área mais comercial da cidade. Passaram-se alguns anos e as meninas atingiram a
adolescência.
Halima
sua mulher, comentou com Said:
- Meu querido marido, é bom se preparar
para os pedidos de casamento de nossas filhas que logo, logo vão começar a
chover.
- Sim, já pensei nisso meu amor, e nos
dotes também. Estou juntando dinheiro desde que chegamos, tivemos sorte nos
negócios e creio que poderemos casa-las muito bem, disse Said.
- Insha’allah! - respondeu Halima.
Tal
como previsto pelo casal, messes após receberam pedidos de vários conterrâneos
desejando acertar compromisso de casamento para seus respectivos filhos. A menina mais solicitada em todas as visitas
foi Aisha. Menina bonita que juntava inteligência, energia e muita alegria.
A
mão da mais solicitada foi concedida para Omar Rachid, um rapaz de 25 anos,
bonito que morava em São Paulo e pertencia a uma das famílias mais tradicionais
da colônia libanesa.
Aisha
assumiu o casamento com determinação, amor e desejo de contribuir para o
sucesso da família e dos negócios. Nos cinco anos seguintes tiveram dois lindos
filhos, mas esses acontecimentos foram sobrecarregando demais a pobre esposa
que já trabalhava intensamente no comercio familiar. A esposa pediu ao marido
colaborar mais no andamento dos negócios. Ele respondeu que já se encarregava das
compras e isso lhe tomava todo seu tempo.
— Talvez
você precise se organizar melhor - concluiu seu marido.
Aisha
já vinha percebendo que seu marido não era uma pessoa de muita dedicação ao
trabalho, tinha comportamentos típicos de menino mimado e superestimava suas
poucas realizações. A certeza sobre esse aspecto se acentuavam dia a dia na
cabeça da esposa.
Aproveitando
a semana que Osmar tinha viajado a negócios, sua esposa foi visitar seus pais que
a receberam com a enorme alegria de sempre. Poucos minutos após, Fuad disse:
—
Que foi minha filha? Você esta com olhar muito triste, as coisas com seu marido
estão bem? Cadê sua alegria?
Assim que pai acabou de falar Aisha desabou no
colo dele e chorando. Contou-lhes o que
estava acontecendo no relacionamento com seu marido:
—
O que mais me machuca - disse - é a falta de amor e a insensibilidade dele para
comigo e os filhos.
O
pai inquietou-se:
—
Meu amor, você demorou pra vir a falar conosco, sabemos de tua situação por que
estamos bem informados; também temos acompanhado as atividades de teu marido e
devo te dizer que ele fala de você como esposa negligente e preguiçosa, que
tudo mundo sabe ser uma grossa mentira. Aisha
disse que tinha um plano para separar-se de Osmar e pediu a colaboração de
ambos para executa-lo.
O
pai convocou Osmar e disse-lhe que quando estava viajando Aisha sentiu-se muito
mal e foi levada com urgência ao médico da família. Após um minucioso exame
constatou-se que ela estava numa situação de extremo estrese. Recomendou que
parasse imediatamente de trabalhar durante pelo menos um ano desligando-se dos
negócios e das obrigações domésticas. Fuad também lhe disse que como avôs
maternos cuidariam das crianças assim, Osmar poderia assumir plenamente os
negócios. Osmar ficou desorientado, porém teve que assumir.
Aisha
e seus pais avaliaram que pelo seu caráter, frouxo e negligente, e com a
pressão financeira da amante, Osmar pediria falência no máximo em um ano. E foi
o que sucedeu. Desse modo o marido mostrou o tamanho de sua incompetência, e
sua amante o tamanho de sua ambição, pois como sabia que não existia mais
dinheiro, o abandonou. Fuad comprou a massa falida com a certeza que Aisha já
“recuperada” do estrese levaria o negócio adiante.
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