O REINO DE UM REINADO DE REI - Maria Luiza C.Malina


O REINO DE UM REINADO DE REI
Maria Luiza C.Malina

Frente ao eminente anúncio de guerra, Phillip o rei amado e respeitado entre os fiéis súditos, reflete sobre as artimanhas do inimigo sanguinário. A tensão modificou a vida tranquila do império.

Sons de metais cortam o dia levantando faíscas de determinação. Elmos a postos. Cavalos relincham a coragem para o preparo do confronto, durante a troca das ferraduras gastas no plantio.

Todos, do mais simples servil ao mais próximo dos fidalgos, sem exceção, aguardam ansiosos as instruções do fraterno Rei.

- Amigos do Rei. É assim que devo tratá-los. Nestes anos em que herdei dos meus ancestrais este reino, dando continuidade fiel aos preceitos tradicionais familiares, tornando esta terra saudável e rentável, através das mágicas mãos de cada um de vocês. Suas esposas transformam os produtos da terra em ouro, respeitando cada grão plantado, produzindo alimentos nobres, livres de qualquer contaminação. Ouço as doces canções do período da colheita do trigo. Alegro-me com as chacotas entre os homens durante o preparo da terra e da maceração do vinho. As crianças que correm soltas à tenda do saber, com pequenos manuscritos à solta, junto aos meus filhos.

Estamos frente a um inimigo cujas terras secas da falta de interesse, da descrença entre seu próprio povo, nada produzem além da preguiça da miséria, uma estagnação própria de quem não quer aprender, vivem uma vida de observação alheia. Se nada fazem, nada tem. Mas tudo querem.

Amigos!  Na taberna das noites escurecidas pelo açoite do frio, aperfeiçoei-me junto a vocês, na estratégia do xadrez. Sinto-me honrado, por ter percebido o quanto estavam ávidos pelo saber. Alegres, brindamos e bebemos nossas vitórias, o fracasso do perdedor era a lição para a próxima batalha. Junto à olaria fortificamos nossas torres. Não deixemos que tudo venha abaixo, consumidos pelo medo da incerteza dos que desejam abater-nos.

O tempo nos pressiona. A linha de frente deve acreditar na defesa de seu Rei. Não se desviar do foco. Lembre-se, que por mais servil que seja a posição, com uma boa estratégia você derrubará o soberano soldado desatento e, será beneficiado com um lugar de honra junto ao seu Rei.

O adversário deve ser respeitado, pois tem sua estratégia.

O que nós temos é a autoconfiança na firme criatividade do livre pensar com responsabilidade, nas consequências de uma tomada de decisão.

- À VITÓRIA!  O brado exultante do Rei é atendido.

- AO SENHOR! VIVA O REI! Ecoam pelos vales serpenteando o império, as vozes repetidas dos valentes soldados, em tom de marcha, primeiros clarões na manhã escurecida pela fumaça das chaminés.

A batalha é iniciada corpo a corpo em pronto embate.

Uma surpresa. A pouco mais de 300 metros a tropa adversária recua. Num repente, um clarão. O sol ofusca lhes a visão. A vitória foi taxativa. Cavalos empinam-se, derrubando-os uns aos outros, soldados confusos gladiam entre si.

Desta forma, a força da verdade de luta para a preservação de um império de paz, sucumbiu um exército.
- VIVA O REI!  



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