O
pôr do sol
Fernando Braga
Tive a oportunidade
de presenciar a vários famosos pores de sol, como na Big Island no Hawai, em Key West na Flórida, na praia do Jacaré em
João Pessoa, ao som do Bolero de Ravel, na Baia de Guanabara, mas acho, que não
perde, do que pode ser visto em meu sítio.
Do alpendre da casa, se
estende uma grande baixada, com grama bem cortada como em um campo de golfe, continuação
um grande lago, seguido por uma mata. No horizonte, tendo esta paisagem na
frente, podemos observar um pôr do sol maravilhoso, magnífico, grandioso. Quando
o dia está claro, o sol quando baixa ao
nível do horizonte, se torna enorme, bem amarelo, depois avermelhado, esconde
sua parte inferior e depois, lentamente o resto, até desaparecer. Neste momento,
a nuvens distantes se tornam multicolores, avermelhadas, em seguida começa a
escurecer. Neste momento, erguem-se do lago, centenas de aves grandes, brancas,
que dirigem-se, em bando bem formado para longe, onde vão se recolher. São as
garças, maravilhosas, organizadas, com suas guias na frente. Após mais alguns minutos,
a noite chega e com ela o silêncio, as aves se acomodam nas arvores, as galinhas
nos poleiros, as vacas deitam-se no campo, e se pode ouvir ao longe somente
vozes humanas longínquas. Quando assisto a um episódio como este, sinto uma
sensação de magnitude incomparável, de grandeza, de potência, mas ao mesmo
tempo uma sensação de tristeza acabrunhante, como se algo estivesse terminando.
Foi mais um dia que se passou, que para as crianças e jovens, não tem o mesmo
significado do que para aqueles, já na chamada idade de ouro, os idosos, que
acham que, a qualquer hora tudo vai acabar, o que é realmente desconcertante.
Certa ocasião estava
na varanda de meu sitio, em companhia de meu neto de 13 anos. Chamei-o para
vermos juntos, o pôr do sol. O dia havia sido chuvoso, mas no final da tarde, as
nuvens diminuíram, o sol reapareceu, forte. Meu neto ao se aproximar, logo
chamou a atenção para o arco-íris presente. Víamos então o belo pôr do sol e um
grande arco íris. Perguntei a ele, se sabia por que se formava o arco-íris. Respondeu
que era a luz do sol atravessando a água. Falei que estava certo, mas como explicar as cores do arco íris. Disse não saber. Expliquei a ele que os raios
de sol atravessando a atmosfera úmida, cheia de gotículas de água, sofria uma
refração da luz, decompondo o raio solar em 7 cores, que ia do vermelho ao
violeta. Era o fenômeno físico da refração da luz branca, que continha em si as
7 cores, o que foi descrito por Newton, um cientista inglês, quando fez a luz
branca atravessar um prisma.
Disse a ele que o arco-íris era apenas uma
ilusão óptica. Muitas vezes, você pode ter dois, três e mesmo quatro arco-íris
paralelos. Em seguida, falei uma pequena parte do poema de Wordsworth sobre o arco-íris:
meu coração pulsa quando vejo o arco-íris. Assim foi, quando minha vida
começou, assim foi quando me tornei um homem e assim será quando envelhecer e
morrer. Meu netinho neste momento comentou:
— Como você é
inteligente vovô! Respondi que, quando tinha sua idade, talvez soubesse menos
do que ele hoje. Perguntei:
— Você sabe por que o
diabo é sábio?
— O diabo é sábio, vovô?
— Claro que ele é
sábio, pois queria fazer frente a Deus!
— Porque ele é sábio?
Respondi:
— porque ele é
velho!!!! Sou velho, sei mais!!
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