A beleza do entardecer - Oswaldo Romano




A BELEZA DO ENTARDECER
Oswaldo Romano   
                                                           
        Incrível a Suzy,  sadia que é, não apreciar as belezas da ilha do tio João. É muito estranho.

        Acorda ignorando as coisas que o ser humano considera  mais surpreendentes e desejáveis na vida.

        Acordar com o quebrar das ondas, os pássaros cantando e apreciar a natureza.

        Ela abre a janela. Acontece no momento em que olhando o mar os sons das ondas brandem mais fortes, enrolando-se entre as pedras já banhadas. Vagas mais calmas acomodam-se morrendo na areia.

         Suzy vê que não é só espuma, não. Olha bem. Milhares de bolhas multicoloridas, olhos querendo lhe ver, dizer alguma coisa. Tão pequenas e delicadas, refletem as nuances de um olhar impregnado, apaixonado. Ao ver de onde vêm, encontra uma imensidão de mar ondulado, cintilante, até onde sua vista se perde.

        Suzy começa a extasiar-se. — Esse é o nosso mundo! Desvia o olhar para o céu.        O azul enche todo espaço, alcança o infinito. Nessa imensidão um ponto de luz refletindo chama sua atenção. Ele é a estrela d’Alva. A companheira, o consolo da lua. O misterioso planeta Vênus. Suzy repensa. Um grupo de pássaros coloridos pousa na macieira próxima a sua janela. Suzy desperta de vez. Sai do estado de letargia, apaga completamente sua indiferença com a ilha.

        Procura quase correndo o tio João com seus pulinhos trocados. Passa pela parreira do maracujá, atravessa um pedaço do campo, encontra seu tio.

        — Tio, tio. – Ela chama - Não quero ir embora hoje. Fico para curtir minhas férias.

        — Que ótimo filha! Esta ilha vem fazendo milagres!

        —Mais tarde o senhor vai subir comigo nas pedras para ver o por do sol, vai?
        — Claro filha! É lindo! Nunca cansarei de vê-lo. É Deus que nos olha e lançando seus raios adormece.


        — Puxa Tio. Que inspiração!

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