O AMOR POR NOSSA
TERRA
Carlos
Cedano
A
através de edito real foram convocados todos os moradores do reino. O documento
tinha tom de urgência e pedia o comparecimento massivo e pontual da população.
No dia do evento, domingo chuvoso e frio, a multidão estava ansiosa e curiosa
sobre o possível motivo da convocação: os impostos serão aumentados? Será
anunciado o casamento do príncipe herdeiro? Alguém da família real esta
gravemente doente? Ninguém tinha certeza do possível assunto, tudo eram
especulações e, em muitos casos, fantasiosas.
O
clarim anunciou a presença do rei Herbert 1º no balcão principal de seu bonito
e simples palácio, ele estava coberto por um belo manto, porém modesto. O Rei
foi direto dizendo:
—
Tenho más e tristes noticias pra vocês meus queridos súditos. Ontem recebi
comunicação ameaçadora do Príncipe Rufino, nosso vizinho Leste, reivindicando a posse de imensos territórios
nossos situados na outra margem do rio Arnês. Segundo ele, essas terras lhe
pertencem por direito divino como a Bíblia e a historia o demostram. O Príncipe
também estabeleceu um prazo inexorável e definitivo de duas semanas para
responder que reconhecemos os seus supostos direitos. Caso a resposta seja negativa
simplesmente seremos invadidos e subjugados.
Elevando
um pouco a voz e a firmeza de suas expressões o Rei disse para seu povo:
—
Somos um reino pacífico e tolerante, que acredita na amizade entre os povos que
ama a liberdade. Também somos um povo que se orgulha de ser trabalhador, que
conta com cidadãos respeitosos das leis, de suas tradições e de seus valores. Além
disso, e isso é o que está em jogo, somos herdeiros de uma terra que nossos
antepassados conquistaram. Terra rica e generosa, bonita e privilegiada pela
natureza e, portanto, temos o dever supremo de defendê-la e preserva-la em toda
sua integridade caso contrário, as gerações futuras nos julgarão.
O
Rei cansado parou brevemente seu discurso e percebeu que o silencio atento de
seu povo significava uma enorme disposição para apoiá-lo. E continuou seu
discurso:
—
O Príncipe Rufino nos diz que possui um exercito de cinco mil homens bem
disciplinados, fortemente armados e de obediência cega a seus comandantes. Mas,
eu digo-lhes que eles possuem um grave defeito: são mercenários sem força moral,
sem amor pela terra porque eles não possuem nada além do estímulo do dinheiro.
Enquanto nós, somos daqueles homens que possuem a certeza da razão, a valentia
e a coragem dos que têm uma relação de amor e raízes profundas no chão onde nasceram,
se criaram e onde serão enterrados. Por isso, somos mais fortes e ousados.
Uma
dúzia de dias depois o Príncipe Rufino invadia o pequeno reino mostrando e
ostentando seu poderio. Inicialmente a batalha foi dura mais o exercito do Rei
mostrou uma enorme criatividade surpreendendo continuamente o inimigo e
dificultando muito seu avanço que inicialmente foi presumido como fácil pelos
invasores. À medida que passaram quase quatro messes, os comandantes do
exercito do Príncipe comunicaram-lhe que teriam que rever os planos e os
recursos a serem empregados já que não se tratava de uma simples batalha, seria
uma guerra de longa duração o que exigiria recursos adicionais enormes tanto em
homens como em dinheiro. Além disso, o Conselheiro do Príncipe informou-lhe que
os outros reinos e principados estavam reunindo-se para pressiona-lo e
obriga-lo a parar com essa guerra que
não obedecia à outra justificativa que não fosse uma desmedida ambição de
conquista e poder. Perante essa perspectiva o Príncipe achou que seria mais
prudente retirar-se do conflito, porém com um acordo sem vencedores nem
vencidos. Com a participação de um Comité de Nobres de diferentes lugares, foi elaborado
e assinado um armistício de paz em que entre outras vantagens para o reino atacado,
garantia definitivamente sua integridade territorial.
Apesar
das perdas matérias e humanas o Rei Herbert 1º constatou, que aos poucos e com
o decorrer dos anos, ocorreu forte progresso no reino, sentia seu povo mais
orgulhoso e confiante em si mesmo e com uma coesão social ainda mais forte. O
Rei sorriu pra si mesmo satisfeito e pensando: eu já posso morrer tranquilo e realizado! Virou o rosto e
contemplou a alegria de seus netos brincando felizes e sorridentes e disse
também pra si mesmo:
—
Viu Herbert? Pode mesmo!
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